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Veja como a população reagiu às denúncias de corrupção na Assembléia Legislativa do Paraná |
Veja como a população reagiu às denúncias de corrupção na Assembléia Legislativa do Paraná| Foto:

As medidas tomadas até agora pelo presidente da Assembleia do Paraná, deputado Nelson Justus (DEM), para apurar as denúncias mostradas na série de reportagens Diários Secretos, da Gazeta do Povo e da RPCTV, não são suficientes para melhorar a transparência do Legislativo. Tampouco para dar uma resposta à sociedade diante do escândalo. É o que revela uma pesquisa de opinião pública encomendada pela Gazeta do Povo ao Instituto Paraná Pesquisas.

Quase dois terços dos curitibanos (64%) acham que as medidas tomadas pela As­­sembleia não foram adequadas. Desde que as denúncias vieram à tona, há três semanas, Justus anunciou a abertura de uma sindicância interna e um reenquadramento de todos os funcionários da Assembleia do Paraná. Além disso, três diretores pediram afastamento do cargo: o diretor-geral Abib Miguel, José Ary Nassiff (administrativo) e Cláudio Marques da Silva (de pessoal).

Mais grave ainda é que 80% dos curitibanos consultados no levantamento não acreditam que os envolvidos nas denúncias serão devidamente punidos.

O diretor da Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo, avalia que os escândalos políticos não chocam mais os curitibanos. "[A corrupção] passou a fazer parte do cotidiano. Não choca mais", diz ele.

Para o professor de Ciência Política Sérgio Braga, da Universidade Federal do Paraná, a pesquisa reflete a imagem que a população tem do Legislativo paranaense – que, segundo ele, atingiu a pior de sua história. "A população está usando o bom-senso e vendo que está se formando uma enorme pizza", diz Braga. "A única saída [para evitar isso] é a renúncia de todos os deputados que integram a mesa executiva [os dirigentes da Assembleia]", afirma o cientista político. Outra medida saneadora da Casa, completa Braga, seria uma intervenção urgente do Ministério Público Federal (MPF) no caso.

O MPF, vinculado à União e não aos poderes estaduais, ainda não entrou no caso. O Ministério Público do Paraná (MP) e a Polícia Federal já abriram investigação para apurar as denúncias mostradas na série Diários Secretos.

Na avaliação do cientista político Carlos Strapazzon, do Centro Universitário Curitiba (UniCuritiba), o resultado da pesquisa reflete negativamente o trabalho do MP. "Há uma percepção muito forte de que o Legislativo é antirrepublicano, que joga contra os interesses públicos. E, ao dizer que não acredita na punição, a sociedade diz ter uma percepção muito negativa do MP", afirma Strapazzon.

As reportagens da Gazeta do Povo e da RPC TV relevaram um suposto esquema de desvio de dinheiro público dentro da Assembleia utilizando funcionários fantasmas e laranjas – alguns ligados diretamente a Abib Miguel. Mostrou ainda o depósito de quase R$ 60 milhões em 74 contas bancárias, sendo que parte dos beneficiários admitiram nunca ter trabalho no Legislativo.

Metodologia

O Instituto Paraná Pesquisa entrevistou 680 moradores da capital paranaense, maiores de 16 anos, entre os dias 29 e 31 de março. O levantamento tem 95% de grau de confiança e uma margem de erro de 4%.

Veja todas as denúncias feitas pelo jornal Gazeta do Povo e pela RPCTV sobre os Diários Secretos da Assembleia Legislativa.

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