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Renato Duque admitiu que mantinha uma amizade com o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto | Márcia Foletto/agência o globo
Renato Duque admitiu que mantinha uma amizade com o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto| Foto: Márcia Foletto/agência o globo

O ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque disse em depoimento à Polícia Federal (PF) que recebeu pelo menos R$ 1,6 milhão da empreiteira UTC Engenharia depois que deixou o cargo na estatal, em abril de 2012. Ele negou, porém, ter recebido propinas.

Duque, que foi preso na sexta-feira passada, na sétima fase da Operação Lava Jato, afirmou que a remuneração se deveu a uma consultoria: "auxiliou no processo para que ela [UTC] se capacitasse para participar como operadora" em determinada área de produção de energia, diz o inquérito.

Além disso, fechou um segundo contrato com a UTC, cujo valor não foi consignado no depoimento que ele prestou na segunda-feira ao delegado da PF Eduardo Mauat da Silva.

Em depoimentos anteriores, delatores disseram que a UTC Engenharia funcionava como a coordenadora de um "clube" de empreiteiras que fraudavam licitações e desviavam recursos da Petrobras.

Acusado por dois delatores de ter cobrado e recebido propina no exterior em troca de contratos na petroleira, Duque demonstrou hesitação quando foi indagado pela PF se mantinha no exterior uma offshore chamada Drenos. Segundo os delatores, alguns dos pagamentos de propina ocorreram para essa empresa. Duque negou ter recebido recursos no exterior. Ao falar da offshore, disse que "não se recorda desse nome ‘Drenos’".

Vaccari

O ex-diretor reconheceu que se tornou amigo e "criou uma empatia" com o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, com o qual "passou a manter encontros sempre de cunho social, por ‘ser pessoa agradável para o convívio’." Porém, negou ter orientado o executivo da Toyo Setal Augusto Ribeiro de Mendonça a procurar Vaccari "para tratar de doações eleitorais". Certa feita, disse Duque, ele e Augusto viajaram à Ásia para "visitar estaleiros".

Duque disse ainda que manteve "encontros e jantares" em restaurantes em áreas nobres do Rio de Janeiro e de São Paulo com o outro executivo da Toyo Setal, Júlio Camargo. Em delação premiada, Camargo disse que pagou Duque no exterior. O ex-diretor garantiu, porém, que eram "encontros sociais". Nos finais de ano, acrescentou Duque, Camargo costumava lhe enviar de presente "um panetone e bebidas".

O ex-diretor disse que seu braço direito na Petrobras, o gerente Pedro Barusco (que já reconheceu ter recebido US$ 100 milhões no exterior), era sua "pessoa de confiança". Duque disse que não sabia que Barusco tinha depósitos no exterior.

Indicação

Sobre a sua chegada à diretoria de Serviços da Petrobras, em 2003, Duque disse "não se recordar" quem foi o político que lhe indicou para o cargo. Há informações de que a indicação partiu do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, que negou.

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