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A Repar, no Paraná, entre as obras citadas pelos executivos | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
A Repar, no Paraná, entre as obras citadas pelos executivos| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

Cartel

Comperj e Replan também renderam pagamentos ilegais

Kelli Kadanus

Os executivos Júlio Camargo e Augusto Mendonça afirmaram ainda que houve pagamento de propina em mais duas obras da Petrobras, mas não especificaram o valor pago. A primeira obra é a construção da unidade de hidrogênio do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), em 2012. O Consórcio TUC, formado pelas empresas Toyo JP, UTC e Odebrecht, era responsável pela obra. Segundo Camargo, quem operacionalizou o pagamento de propina foram os executivos da UTC, Ricardo Pessoa, e da Odebrecht, Márcio Farias. Segundo Camargo, "tudo leva a crer" que o pagamento foi efetivado, já que, de acordo com ele, essa era "a regra do jogo" nas gestões de Paulo Roberto Costa e Renato Duque.

Nas obras na Refinaria de Paulínea (Replan), Augusto Mendonça afirmou que no contrato firmado em 2007 com o Consórcio CMMS (formado por Mendes Júnior, MPE e SOG), no valor de R$ 1 bilhão, também houve propina. Ele não informou o valor pago, mas disse que negociou com o ex-deputado federal José Janene (PP) e com o ex-diretor de Serviços Renato Duque.

"Clube"

Os executivos disseram ainda que houve atuação do "clube" para que o Consórcio CMMS ganhasse a obra na Replan. Segundo Mendonça, depois de várias reuniões foi elaborada uma lista com as empresas que seriam convidadas para a licitação. O Consórcio CMMS seria o vencedor. As demais empresas teriam dado cobertura na licitação, apresentando propostas de valor acima à apresentada pela vencedora.

Os executivos Júlio Camargo e Augusto Mendonça, do grupo Toyo Setal, listaram em depoimentos de delação premiada dez obras da Petrobras em que pagaram propina para as diretorias de Abastecimento, Internacional e de Serviços da estatal. Parte da propina foi paga em dólar: US$ 40 milhões. Outra, em reais: R$ 43 milhões. Além disso, em duas obras os executivos não detalharam o valor pago indevidamente.

O maior valor pago em uma única obra foi de US$ 40 milhões. Trata-se de um contrato firmado entre a Petrobras e a Samsung para construção de duas sondas de perfuração para águas profundas que seriam usadas na África e no Golfo do México.

O valor pago para participar das obras foi de US$ 15 milhões, pela primeira sonda, e de US$ 25 milhões, pela segunda. Júlio Camargo nega que a Samsung tenha conhecimento do valor pago em propina, já que os valores eram pagos por ele com parte do dinheiro recebido de comissão por intermediar o contrato.

Segundo Júlio Camargo, em 2005 a Samsung pediu que a empresa Piemonte, pertencente ao executivo, intermediasse o contrato. Camargo teria procurado o lobista Fernando Baiano, já que ele era uma figura conhecida na Petrobras, por ter um "bom trânsito" dentro da estatal, nas áreas de Abastecimento, dirigida por Paulo Roberto Costa, e Internacional, dirigida por Nestor Cerveró. O executivo da Toyo Setal afirmou que parte do valor foi depositada em contas da GFD Investimentos, empresa controlada pelo doleiro Alberto Youssef.

Repar

O segundo maior valor pago em propina é referente a duas obras da Refinaria Getúlio Vargas (Repar), em Araucária, região metropolitana de Curitiba, a partir de 2007. As obras de construção de uma unidade de coque para a refinaria e construção da unidade de recuperação de enxofre, retificação de águas ácidas, tratamento de gás residual e das subestações somaram, juntas, R$ 32 milhões em propina.

Ainda em 2007 foram pagos R$ 6 milhões em propina por obras na Repav, em São José dos Campos (SP), segundo Júlio Camargo. A obra foi obtida pelo Consórcio Ecopav, formado pelas empresas Toyo JP, OAS e SOG. Segundo o executivo, o pedido do pagamento partiu de Paulo Roberto Costa e Renato Duque. A obra custou R$ 1 bilhão.

No mesmo ano, as obras do Projeto Cabiúnas 2, cujo objeto do contrato era a construção de uma estação de compressão de gás, renderam R$ 3 milhões para a diretoria de Serviços, a pedido de Duque e do ex-gerente Pedro Barusco. A obra era de responsabilidade do Consórcio TSGAS, formado pelas empresas Toyo JP e SOG.

As obras do Gasoduto Urucu – Manaus, de acordo com Júlio Camargo, que custaram R$ 427 milhões, renderam R$ 2 milhões em propina. O pagamento, de acordo com o executivo, foi feito a Renato Duque e Pedro Barusco. A empresa responsável por tocar a obra era a Camargo Corrêa.

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