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| Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

A possibilidade de redesenhar a Esplanada dos Ministérios no início de 2017, dando mais espaço ao fisiológico Centrão, é ventilada pelo presidente da República, Michel Temer (PMDB), que tenta a todo custo evitar um racha na base.

Para o Planalto, manter sua bancada unida no Congresso Nacional é ainda mais crucial agora – às vésperas de um ano no qual a sensível discussão em torno da reforma da Previdência deve se misturar ao conteúdo de quase 80 delações da Odebrecht no âmbito da Operação Lava Jato.

Se lá atrás o Centrão criou um impasse na escolha do líder do governo na Câmara — o presidente Temer acabou escolhendo André Moura (PSC-SE) para a vaga, cedendo à pressão do grupo —, o problema agora está na disputa pelo comando da Casa a partir de fevereiro.

Desgaste da base e Lava Jato são ameaças ao ajuste do “Plano Temer”

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O Centrão já avisou que pretende ficar com a cadeira, mas, o atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), apoiado pela “antiga oposição”, encabeçada por PSDB, DEM e PPS, deseja a reeleição. Contra Maia pesa a dúvida em torno da legalidade de sua candidatura. Como a reeleição na mesma legislatura é proibida, Maia tem se agarrado ao fato de ele ter sido eleito apenas para um “mandato-tampão”, de quase um semestre.

A dúvida foi parar no Supremo Tribunal Federal – que deve analisar um pedido de liminar do Solidariedade (SD) – e também na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, numa consulta feita pelo líder do PSD, Rogério Rosso (DF), nome do Centrão que está de olho na cadeira de Maia. O relator, Rubens Pereira Júnior (PCdoB-MA), deve apresentar seu parecer na segunda-feira (19).

Contra Rosso – ou qualquer outro nome do Centrão – pesa o fato de o Planalto e parte da atual oposição, liderada pelo PT, preferir a reeleição de Maia.

Oficialmente, Temer diz que não pretende interferir na disputa. Mas sinaliza que prefere a “antiga oposição” presidindo a Câmara.

O desfecho do atrito só deve ser conhecido no próximo ano, mas o Planalto colocou em “banho maria” a indicação do líder da bancada do PSDB, Antonio Imbassahy (BA), para a Secretaria de Governo, deixada por Geddel Vieira Lima.

Nos bastidores, a escolha de um tucano para um ministério importante foi interpretada como sinal de apoio à reeleição de Maia: o PSDB ficaria com a Secretaria de Governo e, em troca, não lançaria candidato na Câmara.

Para acalmar o Centrão, além de segurar a nomeação de Imbassahy, Temer estaria renegociando o espaço que o grupo detém hoje na Esplanada. Uma das possibilidades é tirar o Ministério do Meio Ambiente das mãos do PV, que decidiu ser “independente”, e entregá-lo ao Centrão, que hoje já comanda sete ministérios.

Herança de Cunha, Centrão tem ‘peso numérico’ na base aliada

Embora informal, o Centrão é numericamente a maior força política na Câmara dos Deputados, daí a influência que ainda exerce no governo federal. O bloco é composto por mais de dez siglas médias e pequenas, como PP, PR, PSD, PRB, PSC, PTB e SD, e reúne cerca de 200 deputados federais.

Mas, forjado pelo ex-presidente da Casa Eduardo Cunha (PMDB), hoje cassado e preso, o Centrão ainda não definiu um único porta-voz na ponte com o Planalto e líderes de bancadas têm se revezado nas conversas com o presidente Temer. Entre eles estão o líder da bancada do PSD, Rogério Rosso (DF); do PTB, Jovair Arantes (GO); e do SD, Paulinho da Força (SP).

Todos eles tinham relação próxima com Cunha: Rosso e Arantes, por exemplo, foram indicados pelo ex-deputado federal para o comando da comissão especial responsável pela análise do pedido de impeachment contra Dilma Rousseff. Rosso ficou como presidente do colegiado; Arantes ganhou a relatoria.

Naquela época, quando Cunha ainda era o presidente da Câmara dos Deputados, o peemedebista já articulava uma possível candidatura de Rosso ao comando da Casa, em 2017. Hoje, além de Rosso, Arantes também se coloca como pré-candidato à cadeira de Maia.

Em julho, Rosso ficou em segundo lugar na eleição que definiu Maia como sucessor de Cunha. A derrota ocorreu porque o Centrão “rachou” – parte votou em Maia, que, além da “antiga oposição” e da bancada do PMDB, também tinha ao seu lado parte da atual oposição.

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