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No primeiro encontro institucional que teve na noite de terça-feira (26) com líderes do PSDB, o vice-presidente Michel Temer teve um relato das decisões do partido de apoiar integralmente o eventual governo de transição, baseado em uma agenda emergencial de reformas e discussão de convites de membros do partido com o presidente nacional da legenda, senador Aécio Neves (MG).

Na conversa com o senador Cássio Cunha Lima (PB) e o deputado Antônio Imbassahy (BA), Temer considerou boas as condições, e disse que isso facilitaria sua gestão na montagem do governo. Temer, apesar de cautela, confirmou que a base de seu ministério já está definida.

Além de técnicos da área econômica, os senadores José Serra (SP) e Aloysio Nunes Ferreira (SP) são contados para integrar o futuro ministério. Durante o encontro, os líderes do PSDB reforçaram a insatisfação que gerou na cúpula do partido conversas individuais, como a que houve com o senador José Serra, no último domingo. Depois do encontro com os dois líderes, Temer disse que vai procurar Aécio para estabelecer o canal de discussão dos eventuais convites a tucanos.

“O que a gente não quer é que o senhor faça conosco o que Dilma e o PT fizeram com o vice-presidente e com o PMDB: jogar no racha para nos enfraquecer, para nos dividir”, disse o líder Cássio Cunha Lima durante a conversa.

Segundo os líderes Temer entendeu bem a postura do PSDB , costurada na terça ao longo de um dia inteiro de reuniões com as bancadas do partido no Congresso, e em conversas com governadores por telefone.

“Foi uma primeira conversa boa. Temer fez um desabafo, um relato das rasteiras que sofreu de Dilma”, disse Cássio.

Caráter institucional

Uma das exigências do PSDB para aderir ao governo Temer é que qualquer conversa com o partido deve ocorrer em “caráter institucional”, o que significa dizer que o senador José Serra (SP) não é o único nome entre os tucanos a ser procurado pelo vice. Outra, mais complexa, é que Temer e o PMDB devem se manter distantes das eleições municipais deste ano em cidades que o PSDB considera prioridades eleitorais do partido.

Os tucanos querem o peso político de um eventual governo Temer e do PMDB fora das eleições em cidades onde o PSDB possue boas chances neste ano, como Manaus, Fortaleza e São Paulo.Eles também buscam um compromisso em relação a 2018: Temer não disputar a reeleição e não interferir nas eleições estaduais.

Essas propostas já haviam sido apontadas por Serra em março, mas agora foram encampadas pela direção nacional do PSDB.

Esse é o maior entrave para o acordo. O PMDB é um partido com forte tradição municipal e estadual. Toda a sua força na última década foi construída com vitórias em municípios e Estados que acabaram impulsionando a ampliação das bancadas legislativas da sigla.

Divisão

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso também defendeu a participação do PSDB em um futuro governo Temer com a ocupação de cargos ministeriais, a exemplo do que ocorreu quando Itamar Franco assumiu a presidência, após o impeachment de Fernando Collor, em 1992.

A posição de FHC reforçou tese de embarque total dos tucanos e pesou na resolução da bancada divulgada nesta terça. Aécio e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, pré-candidatos do PSDB à presidência da República em 2018, se diziam contra o PSDB participar efetivamente de eventual governo Temer e ocupar cargos na nova gestão. O mineiro já mudou o discurso.

Embora tenha dito que a direção do partido não vai se opor, o presidente do PSDB sinalizou que pessoalmente continua contra o partido assumir ministérios e outros cargos na gestão do peemedebista. “Para mim, cargos são secundários”, disse, ao ser questionado se sua fala de hoje significava uma mudança de opinião pessoal. Ainda assim, a deputada Mara Gabrilli (PSDB-SP) se reuniu a sós com Temer. Ela é cotada para Secretaria Nacional de Direitos Humanos.

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