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Lula em ato da CUT nesta sexta-feira (1º) | Sérgio Silva/ CUT / Divulgação
Lula em ato da CUT nesta sexta-feira (1º)| Foto: Sérgio Silva/ CUT / Divulgação

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira (1º) que a elite do país tem um “medo inexplicável” de que ele volte à Presidência e a acusou de ser “masoquista”, uma vez que, segundo ele, nunca esse setor “ganhou tanto dinheiro” como em seu governo (2003-2010). Em discurso no ato do 1º de Maio da CUT, em São Paulo, o ex-presidente criticou as revistas semanais que têm publicado denúncias de seu suposto tráfico de influência para negociação de empresas brasileiras no Exterior. Lula também defendeu o governo de sua sucessora e afirmou que está pronto para a “briga” na defesa de Dilma Rousseff.

“Sou um homem que sei de onde vim, sei onde estou e para onde vou. O que assusta é que, mesmo sendo um cidadão quase aposentado, o que me assusta é o medo que a elite tem de que eu volte a ser presidente. É um medo inexplicável porque essa elite nunca ganhou tanto dinheiro como no meu governo, assim como os mais pobres também. Eles deviam agradecer pela minha passagem e da Dilma pelo governo, mas não. Eles são masoquistas. Gostam de sofrer. Todo dia eu vejo insinuações”, disse o ex-presidente, em tom de indignação.

Lula considerou “insinuações” as denúncias feitas contra ele. Na edição desta sexta, a revista Época traz uma reportagem afirmando que o Ministério Público Federal abriu um procedimento de investigação para saber se houve tráfico de influência de Lula na relação entre a construtora Odebrecht e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para contratos obtidos pela empresa em outros países. Na semana passada, a Veja publicou que a construtora OAS teria feito uma reforma em uma chácara de sócios do filho de Lula, Fabio Luiz da Silva, o Lulinha, a pedido do ex-presidente. Lula elevou o tom e atacou as publicações.

“As revistas brasileiras são um lixo. Não valem nada. Peguem todos os jornalistas da Veja e da Época e enfiem um dentro do outro que não dá 10% da honestidade deste aqui (referindo-se a ele mesmo)”, disse o ex-presidente. “Cada um que olhe para o seu rabo. Se alguém acha que alguém que chegou onde cheguei, que fez o que eu fiz, vai baixar o rabo e a crista por conta de insinuações está enganado. Tem que olhar para o próprio rabo”.

O ex-presidente provocou a oposição e disse estar pronto para a disputa política em favor da presidente Dilma.

“Estou quietinho no meu canto. Não me chame para a briga porque eu vou brigar e sou bom de briga. Está feita a provocação. Tenho evitado muitas coisas porque sou ex-presidente e quero que a Dilma governe, mas vou começar a ajudar o país outra vez, a desafiar aqueles que não se conformam com o resultado da democracia. Tem de saber que, se tentar mexer com a Dilma, estarão mexendo com milhões de pessoas.”

Paciência

Aos trabalhadores reunidos pela CUT no Anhangabaú, Lula pediu “paciência” com Dilma, lembrando que a presidente está no início do segundo mandato. “Porque ela tem quatro anos para governar e garanto que estaremos aqui, daqui a quatro anos, para comemorar. Podem fazer a crítica que quiserem, mas tem de saber que, se mexeu com ela, está mexendo com milhões de brasileiros.”

Apontando dados negativos de uma pesquisa do Dieese sobre terceirização, Lula atacou o projeto de lei que modifica a atividade no país e fez uma crítica velada ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por ter trazido o tema para a pauta do Congresso. Cunha já havia sido duramente criticado pelos sindicalistas que discursaram antes de Lula no ato do Primeiro de Maio.

“O projeto de terceirização foi apresentado há onze anos por um deputado empresário (Sandro Mabel). Nunca se falava dele e, de repente, ele ganhou uma prioridade na cabeça de alguns deputados. E foi aprovado em tempo recorde”, ironizou Lula.

O ex-presidente ainda se manifestou contrário à redução da maioridade penal de 18 para 16 anos e disse que nem os militares defenderam o projeto.

— Eu sei que esse é um tema muito grave. Sobretudo, na periferia brasileira, ele é muito caro pelos conservadores. O problema não é ser de esquerda ou de direita, porque os militares nunca ousaram defender (a redução) da maioridade penal. Agora, uma parte da elite conservadora brasileira acha que vai resolver o problema do país mandando para a cadeia moleque de 15, 16, 17 anos. É bom possível que muitos jovens cometam crimes. Agora, é importante que a gente diga qual é o crime que o Estado brasileiro cometeu ao longo de 500 anos não dando a esses jovens a oportunidade de não estar no crime? Há quantos anos esse Estado não deu direito a esses jovens estudarem.

Lula ainda criticou a elite brasileira e o atraso na construção da primeira universidade no Brasil, na comparação com outros países da América Latina:

— Vou dar um dado para vocês que é uma vergonha para a elite brasileira, para aqueles que se acham mais inteligentes que nós. A República Dominicana foi descoberta em 1492, Colombo chegou em Santo Domingo. Quinze anos depois, Santo Domingo já tinha universidade. O Peru teve a primeira universidade em 1554. A Bolívia teve a primeira universidade em 1640. A universidade brasileira, só foi feita a primeira em 1920, 400 anos depois da descoberta. Como a gente quer punir a juventude que não teve a oportunidade de estudar, de fazer uma escola técnica? - questionou.

—Antes da gente saber porque um jovem cometeu um crime, vamos saber o que aconteceu com a família dele, com o pai e com a mãe, com o avô e a avó, com o bisavô e a bisavó, o que aconteceu com este país — complementou o ex-presidente.

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