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O ex-presidente se disse assustado com a falta de ação e afirmou que o PNE, que completou um ano ontem, deve ser usado pelo PT e pelos movimentos sociais como um “instrumento político” para sair do foco econômico | Ricardo Stuckert/Instituto Lula
O ex-presidente se disse assustado com a falta de ação e afirmou que o PNE, que completou um ano ontem, deve ser usado pelo PT e pelos movimentos sociais como um “instrumento político” para sair do foco econômico| Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula

Depois da confissão, a aula. Seguindo o ritmo de críticas à presidente Dilma Rousseff e dos encontros com movimentos sociais, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira para uma plateia de educadores e políticos da área que pouco se fala no Plano Nacional da Educação (PNE). “Sancionado como se fosse uma coisa qualquer”, de acordo com Lula, por Dilma em 2014, o PNE deve ser usado daqui em diante como “instrumento político”.

O encontro, que teve a presença do ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, e do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, ex-titular da pasta, acontece na semana seguinte à reunião com religiosos, onde Lula já havia dito que “o PT não conhece o Plano Nacional da Educação” que o próprio partido aprovou. Também participaram secretários municipais e estaduais da pasta, sindicatos de professores e entidades estudantis.

”Como nossa cabeça em junho de 2014 estava voltada para as eleições, isso aqui (PNE) foi sancionado como se fosse uma coisa qualquer. Não houve um ato, não houve uma convocação, uma grande manifestação, para lançar um plano de educação dessa envergadura. Isso passou lá, ninguém dever ter falado para a presidente que isso era importante. (Ela) foi lá, tem que sancionar 50 coisas, sancionou, e a gente não fez um ato”, afirmou Lula durante a reunião que ocorreu na sede de seu instituto, em São Paulo.

Ao grupo, o ex-presidente se disse assustado com a falta de ação e afirmou que o PNE, que completou um ano ontem, deve ser usado pelo PT e pelos movimentos sociais como um “instrumento político” para sair do foco econômico.

“Eu fiquei assustado porque uma coisa dessa envergadura foi aprovada e o partido e o movimento social, a gente pouco fala disso. E eu saí daqui com a ideia de transformar esse plano em um instrumento politico que envolvesse os governos federal, estaduais e municipais. Um instrumento político que pudesse fazer com que o movimento sindical e movimento social saíssem da luta eminentemente economicista e passassem discutir outras coisas importantes que estão na pauta da sociedade, estão no nosso nariz. Como já fizemos isso (PNE), e a gente não fala nada”.

Lula pediu empenho aos políticos para o cumprimento das metas do PNE e que os movimentos cobrem a execução. O prazo, previsto na lei do Plano Nacional de Educação (PNE), para elaboração dos planos municipais e estaduais terminou na quarta-feira. Segundo o Ministério da educação, cerca de 90% dos municípios aprovaram os projetos de lei.

“A gente, enquanto partido político, enquanto movimento social, primeiro cobrar dos prefeitos nossos, dos nossos governadores, e do nosso governo, o cumprimento de cada meta que nós determinamos que fosse colocada. Afinal de contas, foi o Vanhoni que colocou o relatório final aqui nesse negócio — disse o ex-presidente referindo-se ao relator do Plano Nacional de Educação na Câmara, o ex-deputado Angelo Vanhoni, que também estava presente na reunião”.

Em meio à crise do partido e do governo, e dos pedidos de renovação do quadro, Lula deixa claro que a estratégia é apostar no PNE para tentar reverter a situação. Para ele, o PNE é “a chance de começar uma pequena revolução”.

“Como a presidente resolveu colocar como marca de seu segundo mandato a questão da educação, com o slogan do pátria educadora, como nós já tínhamos previsto que 75% dos royalties do pré-sal vai ser destinado para a educação, significa que nós temos tudo para resolver o problema da educação. Nós temos gente precisando de educação, vamos ter dinheiro com o dinheiro do pré-sal e temos a vontade politica de fazer. E temos o compromisso de fazer isso”, disse.

Ele também deu instruções de como os movimentos podem participar do processo. “A ideia básica é essa, fazer com que não só o partido, mas o movimento social, que dentro da fábrica você tenha grudado na parede lá o Plano Nacional da Educação para que as pessoas saibam o que têm direito, para brigar por esse direito, que nos ônibus desse país inteiro tenha colado lá dentro, em vez de se vender qualquer coisa, que se venda para as pessoas saberem que têm direito, que pode brigar, que têm que cobrar do prefeito, da diretora da escola. É tentar transformar uma lei num movimento de ação política para melhorar definitivamente a vida desse país”.

O ex-presidente também pediu mudança do discurso e uma “postura mais agressiva” dos petistas. “Eu acho que a gente deveria mudar um pouco nosso discurso. Toda vez que a gente tiver um prefeito nosso, a começar dos nossos do PT, que disser que “a educação na minha cidade é do cacete”, a gente vai ter que perguntar se o filho dele está nessa educação do cacete ou está numa que não presta particular. E assim vale para o governador: “ah meu filho, a minha escola é tão boa, você nem imagina como é boa”. Onde estuda teu filho? Está nessa escola que você acha que é boa para o filho dos outros? E não é para o teu? Eu acho que nós temos que ter uma postura mais agressiva para a gente começar a responder uma solução definitiva para a educação do Brasil”.

Lula também fez referência aos manifestantes contrários ao governo. Para ele, “talvez” sejam os mesmos que protestaram contra Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni). “Quando a gente foi fazer o Reuni, que era uma bagatela de aumentar o número de alunos por professores de 12 para 18, como era o modelo francês, nós tivemos talvez parte desses que fazem passeata na (avenida) Paulista. Quebraram reitoria da Universidade Federal do Rio de Janeiro, invadiram reitoria de várias universidades, quebraram, prenderam reitor dentro, porque não queriam que a gente colocasse 12 alunos por professor porque ia diminuir a qualidade do ensino”.

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