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Thomaz Bastos: dedicação ao Direito e à vida pública | Nelson Jr./STF
Thomaz Bastos: dedicação ao Direito e à vida pública| Foto: Nelson Jr./STF

Repercussão

Dilma, Lula e Temer lamentam perda

Das agências

A presidente Dilma Rousseff lamentou ontem a morte do ex-ministro Márcio Thomaz Bastos. Em nota, ela afirmou que o país perdeu um "grande homem", o direito brasileiro perdeu "um renomado advogado" e ela perdeu "um grande amigo". "Quem teve o privilégio de conviver com ele, como eu tive, conheceu também um amigo espirituoso, de caráter e lealdade ímpares", escreveu. Ela seguiu para São Paulo no início da tarde para o velório de Bastos, na Assembleia Legislativa de São Paulo.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também se manifestou.

"Perdi um irmão", afirmou durante o velório. "Eu nunca o vi perder o bom senso e o equilíbrio. "

O vice-presidente Michel Temer divulgou uma mensagem em áudio. "O Brasil perde um grande advogado, uma figura exemplar e símbolo da advocacia brasileira." O presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse que o ex-ministro "enalteceu" as mais altas Cortes de Justiça do país "pela paixão com quem defendia suas teses".

Morreu na manhã de ontem o ex-ministro da Justiça Marcio Thomaz Bastos, aos 79 anos, em São Paulo. Ele estava internado no hospital Sírio Libanês, para tratamento de problemas no pulmão. O boletim médico apontou "descompensação de fibrose pulmonar". O advogado apresentava tosse e fraqueza desde o mês passado. Ele fez uma viagem de trabalho aos Estados Unidos na semana passada e na volta apresentou um quadro de embolia, que chegou a afetar seu coração.

Bastos foi o mais influente advogado de uma geração de famosos criminalistas que participou ativamente do processo de redemocratização do país. Foi ministro da Justiça no primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva como presidente da República. Deixou o governo em 2007 e passou a trabalhar em parcerias com advogados amigos. Defendeu um diretor do Banco Rural na ação penal do mensalão e foi apontado como o inspirador da tese de que o mensalão seria apenas caixa dois de campanha eleitoral.

Mais recentemente, articulava a defesa das empreiteiras Odebrecht e Camargo Corrêa, envolvidas no escândalo da Operação Lava Jato, que investiga o pagamento de propinas por contratos da Petrobras. Nos últimos dias, chamou advogados envolvidos no caso para despachar no hospital Sírio-Libanês.

Ditadura e impeachment

Descendente de libaneses, Márcio Thomaz Bastos nasceu em 30 de julho de 1935, em Cruzeiro (SP), e se formou em Direito pela Faculdade de Direito da USP, na turma de 1958. Em 1964, foi eleito vereador em Cruzeiro. Em 1964, apoiou o golpe militar que derrubou o presidente João Goulart. Conheceu Lula em 1979, durante as greves no ABC paulista, e foi presidente da OAB-SP (1983-1985). Participou do movimento pelas "Diretas Já, em 1983 e 1984, e em 1990 integrou o "governo paralelo" do PT após a eleição de Fernando Collor. Com o jurista Evandro Lins e Silva, participou da redação da petição que resultou no impeachment de Collor.

Ficou conhecido como adepto do direito da defesa bem remunerada. Foi defensor, entre outros, do ex-governador da Bahia e ex-senador Antônio Carlos Magalhães, do bispo Edir Macedo e da ex-prefeita de São Paulo Luiza Erundina. Indicou vários ministros para o Supremo Tribunal Federal (STF). Dizia que não tinha vocação para ser juiz. "Não tenho vocação de juiz. Eu nunca ia ser um bom juiz. Eu sou parcial. Eu escolho lado. Não tenho aquela distância dos fatos."

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