• Carregando...
Treinamento para a solenidade do 7 de Setembro. Batedores motociclistas escoltam Rolls-Royce Silver Waite Presidencial | Rogério Melo/PR
Treinamento para a solenidade do 7 de Setembro. Batedores motociclistas escoltam Rolls-Royce Silver Waite Presidencial| Foto: Rogério Melo/PR

Um ano atrás, Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (PMDB) disfarçavam o clima ruim no camarote reservado às autoridades na Esplanada dos Ministérios para o tradicional desfile de 7 de Setembro, Dia da Independência do Brasil. Era o primeiro encontro da dupla depois de o então vice-presidente da República ter declarado que dificilmente a petista terminaria seu mandato com aquelas baixas taxas de aprovação detectadas em pesquisas.

A fala havia repercutido mal entre aliados próximos da então presidente da República. Um dia antes do encontro no camarote das autoridades, a equipe de Temer correu para divulgar uma nota repudiando a ideia de “conspiração” ventilada após a declaração.

Nesta quarta-feira (7), no mesmo tradicional desfile do Dia da Independência em Brasília, Temer deve usar pela primeira vez a faixa de presidente da República desde que tomou posse na principal cadeira do Executivo, no último dia 31, após o Senado aprovar o impeachment de Dilma Rousseff. Nesta quarta-feira (7) será também o primeiro dia da petista fora do Palácio da Alvorada. Sua mudança para Porto Alegre (RS) foi feita na tarde desta terça-feira (6).

Planalto ainda não decidiu sobre desfile em carro aberto

Além de estrear o uso da faixa de presidente da República, Michel Temer também vai desfilar pela primeira vez no carro reservado para o chefe do Executivo. Ele não decidiu, contudo, se irá desfilar em carro aberto ou fechado.

A decisão deverá ser tomada momentos antes do desfile, que acontece na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. No ano passado, também alvo de protestos, Dilma Rousseff optou pelo carro aberto, mas houve reforço na segurança pessoal.

Toda a cerimônia desta quarta-feira custará aos cofres públicos mais de R$ 1 milhão, valor semelhante ao que foi desembolsado no ano passado.

A estrutura comportará até 20 mil pessoas nas arquibancadas, que terão telões para que as pessoas possam ver os detalhes das apresentações.

Haverá também banheiros químicos espalhados ao longo do trajeto do desfile. Dez postos de saúde serão distribuídos pelo gramado.

De acordo com o Palácio do Planalto, a expectativa é de que até 35 mil pessoas assistam às apresentações, que contarão com a famosa e já tradicional pirâmide humana realizada em cima de uma motocicleta e os voos da Esquadrilha da Fumaça.

Serão 3,3 mil militares da Marinha, Exército e Aeronáutica, Polícia Militar do Distrito Federal, Corpo de Bombeiros e Polícia Federal no desfile a pé, motorizado e aéreo. Além deles, haverá também 1.200 alunos de escolas públicas de Brasília.

Quem não conseguir lugar nas arquibancadas, poderá ficar de pé em áreas próximas ao desfile. Mas ninguém poderá assistir ao desfile em cima de árvores ou grades de proteção.

Mas, assim como ocorreu no desfile do ano passado, os protestos nas ruas também estão previstos. Desta vez, o tradicional “Grito dos Excluídos”, organizado em todo país como um contraponto às comemorações militares, promete acrescentar a bandeira “Fora Temer”. Em Brasília, o “Grito dos Excluídos” se transformou no “Grito Fora Temer. Nenhum Direito a Menos”, com concentração às 8h30 no Museu Nacional da República, localizado junto à Esplanada dos Ministérios.

O “Grito Fora Temer” está sendo organizado por dezenas de sindicatos e movimentos sociais, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e União Nacional dos Estudantes (UNE), e o foco do protesto são as mudanças propostas pela gestão Temer, especialmente nas áreas previdenciária e trabalhista.

Em 7 de setembro de 2015, os mesmos grupos tentavam fazer um contraponto a protestos que pediam naquele dia o impeachment de Dilma Rousseff, deflagrado pela Câmara dos Deputados quase 80 dias depois. O “Grito dos Excluídos” no ano passado protestava contra a gestão petista, mas levantando a bandeira “pela democracia” e “contra o impeachment”.

Ao final, o 7 de Setembro de 2015 acabou marcado por protestos contra e pró-Dilma. Apesar disso, nenhum incidente grave foi registrado e nem de longe lembrou o 7 de Setembro de 2013, ano em que a população tomou as ruas do país.

Nesta quarta-feira, logo ao lado do Museu Nacional da República, na Catedral Metropolitana de Brasília, foi marcado outro ato, chamado “7 de Setembro: Contra Golpe!”. A ideia do protesto, também com concentração prevista para as 8h30, é cobrar a realização imediata de novas eleições gerais, além de fazer uma crítica à gestão Temer. “O golpe agora consumado não foi somente contra Dilma, mas sim contra os trabalhadores, que terão seus direitos “flexibilizados”. O golpe foi contra a população LGBT, contra as mulheres e contra a juventude, contra toda a população que luta por um país melhor para os brasileiros”, aponta o texto de convocação para o ato, publicado na rede social Facebook.

Os dois atos em Brasília acontecem quase no mesmo horário do desfile oficial na Esplanada dos Ministérios, marcado para as 9 horas. Atos semelhantes também estão sendo organizados em todo o país, de forma concomitante aos tradicionais desfiles militares do feriado.

”Teste”

Será a primeira vez que Temer, na condição de presidente da República, estará em um evento oficial aberto e ao lado de protestos de rua. Logo após tomar posse no Senado, no último dia 31, Temer viajou a China para participar de um encontro do G20, retornando apenas na tarde desta terça-feira (6) a Brasília.

Ao longo da semana, protestos contra Temer foram organizados em todo País. A maior manifestação foi realizada em São Paulo, no domingo (4), quando cerca de 100 mil pessoas foram às ruas, na estimativa dos organizadores. A PM não divulgou números.

A assessoria de imprensa da Presidência da República informou que o governo federal está “monitorando a articulação de grupos” à frente das organizações dos protestos desta quarta-feira em Brasília. Cerca de 1,5 mil policiais militares do Distrito Federal foram mobilizados para o dia.

O perímetro da Esplanada dos Ministérios e da Praça dos Três Poderes estará sob responsabilidade do Exército.

Quem for assistir ao desfile terá que passar por uma revista pessoal. Não será permitido levar objetos de vidro ou que sejam cortantes, fogos de artifício, hastes para bandeiras e máscaras.

Brasília também receberá a Marcha Contra a Corrupção

O Movimento Brasil Contra Corrupção também vai promover uma manifestação nesta quarta-feira, às 9 horas, na Esplanada, em Brasília, mesmo local do ato marcado por oposicionistas de Michel Temer. O movimento tem lideranças que apoiaram o impeachment de Dilma Rousseff e pede aprovação imediata e sem mudanças do projeto que estabelece as “dez medidas contra a corrupção”, que está sendo discutido em comissão especial na Câmara dos Deputados.

A chamada Marcha Contra a Corrupção já foi promovida pelo movimento em feriados de 2011 e 2012, segundo a própria organização.

O Movimento Brasil Livre (MBL) e o Vem pra Rua, que protagonizaram os protestos pedindo a saída de Dilma, não estão chamando para manifestações no feriado. Nas redes sociais, as organizações têm criticado os atos contra Temer afirmando que esses protestos pedem a volta de corruptos ao poder.

Nos últimos dias, o MBL tem dedicado publicações para promover integrantes do movimento que são candidatos nas eleições municipais, além de pedir o impeachment do STF, Ricardo Lewandowski, por ele ter decidido fatiar a votação do processo que cassou Dilma.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]