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Diretora do Senado teria trabalhado na campanha eleitoral de Sarney em 2006 | José Cruz/ABr
Diretora do Senado teria trabalhado na campanha eleitoral de Sarney em 2006| Foto: José Cruz/ABr

Três novos escândalos estouraram ontem no Senado. Denúncia do jornal Folha de S.Paulo revelou que, além do pagamento de R$ 6,2 milhões de horas extras aos funcionários da Casa no mês de férias, 9.512 funcionários do Senado – entre ativos e aposentados – receberam um total de R$ 83,4 milhões de ajuda de custo (além dos salários) referentes aos meses de dezembro de 2008 e fevereiro deste ano.

Já o jornal O Globo denunciou que a advogada e jornalista Elga Mara Teixeira Lopes, diretora de Comunicação Social da Casa, nomeada em 2003 pelo senador José Sarney (PMDB-AP), tem se ausentado do Senado para se dedicar, como analista de pesquisa de opinião, a campanhas eleitorais, recebendo vencimentos do Senado. E também se descobriu que há parentes de autoridades e ex-autoridades contratados pela Casa que não cumprem expediente nas dependências do Senado.

Providências

O primeiro-secretário do Senado, Heráclito Fortes (DEM-PI), responsável pelos assuntos administrativos da Casa, disse ontem que vai tomar "todas as providências’’ para apurar as informações de que, além de hora extra no mês de férias, os servidores também estão ganhando a ajuda de custo.

"Já determinei ao diretor-geral (Augusto Gazineo) que tome todas as providências’’, disse Heráclito, evitando dar detalhes. "Desconheço essas informações. Isso é (herança) de gestões passadas e não da minha’’, disse. Segundo a reportagem, no final e no início de todos os anos os senadores recebem 14º e 15º salários e o pagamento é chamado de "ajuda de custo’’. Os servidores do Senado recebem um porcentual disso – que varia de 3% a 30% do vencimento do senador (R$ 16.512,09).

Ausente

Desde 2003, quando foi nomeada pelo então presidente do Senado José Sarney (PMDB-AP) para a Diretoria de Modernização Administrativa e Planejamento do Senado, a advogada e jornalista Elga Mara Teixeira Lopes, hoje diretora de Comunicação Social, tem se ausentado da Casa para se dedicar, como analista de pesquisa de opinião, a campanhas eleitorais sem se licenciar, recebendo vencimentos ora só do Senado, ora do Senado e dos contratos com os políticos.

Elga afirma que trabalhou nas campanhas quando estava de férias. Na Diretoria de Recursos Humanos do Senado não há registro de afastamento ou licença nesse período. Mas, em 2004, ela trabalhou na campanha de João Paulo (PT) à prefeitura de Recife. Em 2006, atuou na campanha do senador Delcídio Amaral (PT) ao governo de Mato Grosso do Sul; no Amapá, onde trabalhou atuou na campanha de Sarney; e também no Maranhão, na campanha de Roseana Sarney (PMDB) do segundo turno.

"A Elga trabalhou durante uma parte da minha campanha de 2006, mas depois foi chamada pelo Sarney para ir para o Amapá. Ela teve que ir embora porque ele estava apertado lá", confirmou Delcídio. "A Elga foi para a campanha do Sarney no Amapá, e no segundo turno no Maranhão. Esteve lá o tempo inteiro e trabalhou bastante. Dizia que era contratada do Senado, de onde vinha seu pagamento, e que tinha sido levada para lá pelo Sarney", diz Ricardo Soares, coordenador de rádio e TV das campanhas de Sarney e Roseana.

Em 2008, contratada pela equipe do publicitário Kaká Colonesi, ficou dois meses em Manaus, na campanha do candidato a prefeito Omar Aziz (PMN). Pessoas que trabalharam com Elga nessas campanhas atestam que ela passou períodos de até dois meses nos locais. Com mestrado em pesquisa de opinião na França, ela tem fama no mercado nessa área. No Senado, já foi diretora da Secretaria de Pesquisa de Opinião Pública.

Procurada pela reportagem, Elga não respondeu a perguntas enviadas por e-mail ou recados deixados em seu celular. Por meio do assessor de imprensa do gabinete de Sarney, Chico Mendonça, ela mandou dizer que apresentará documentos provando o período de suas férias. Afirmou ainda que, como celetista (e não concursada), não devia exclusividade à Casa.

"Em 2006, não exerci qualquer função nas campanhas de Roseana e do senador José Sarney. Estive em São Luís por poucos dias, quando dei, literalmente, palpites na análise de pesquisa de opinião da campanha de governadora de Roseana", disse Elga por meio da assessoria, confirmando que nesse período só recebeu do Senado.

Irritação

José Sarney ficou irritado ontem ao ser questionado sobre o trabalho em campanhas políticas de Elga. Ele não esclareceu detalhes sobre o caso. "Perguntem a ela. Para mim, ela não fez campanha política. No que se refere a ela, estar na minha última campanha é totalmente errado", disse Sarney.

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