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escândalo de corrupção

PF apura se pagamentos suspeitos a advogados beneficiaram políticos

Lava Jato verificará se dinheiro que teria sido desviado e repassado a escritórios de advocacia foi “esquentado” em campanhas eleitorais

Romano (esq.), preso na quinta-feira, seria o operador do esquema. | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Romano (esq.), preso na quinta-feira, seria o operador do esquema. (Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo)

A 18.ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada na semana passada, abriu uma nova frente de investigação de lavagem de dinheiro. De acordo com os investigadores, pela primeira vez na Lava Jato aparecem escritórios de advocacia como destinatários de dinheiro supostamente desviado de contratos com órgãos públicos. A Polícia Federal (PF) agora investiga se políticos – inclusive do Paraná – teriam sido beneficiados pelo esquema através de pagamentos de honorários advocatícios durante campanhas eleitorais feitos, de forma mascarada, pela empresa Consist – já investigada em fases anteriores da operação.

Segundo a PF, R$ 37,5 milhões foram repassados pela empresa a quatro escritórios entre 2011 e julho de 2015 a pedido de Alexandre Romano, suposto operador do esquema preso na quinta-feira (13) .

Um dos escritórios investigados é o Guilherme Gonçalves & Sacha Reck, que foi desmembrado em dois em 2013: Sacha Reck Advogados Associados e Gonçalves, Razuk, Lemos & Gabardo Advogados Associados. A PF considera plausível que “os recursos pagos pela Consist conforme a orientação de Romano tenham servido a beneficiar, de alguma forma, agentes políticos e/ou partidos políticos, por meio do pagamento de serviços jurídicos a eles prestados”. Os investigadores dizem que Romano atuava como operador do PT junto à Consist desde 2010, quando a empresa obteve um contrato no Ministério do Planejamento.

Para a PF, chama a atenção o fato de o escritório Gonçalves, Razuk, Lemos & Gabardo ter recebido cerca de R$ 300 mil de candidatos nas eleições de 2014, de acordo com a prestação de contas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “Há que se perquirir se os pagamentos feitos pela Consist ao escritório não foram utilizados para o pagamento de despesas eleitorais, maquiando-se e ocultando-se a origem do dinheiro empregado para tanto”, questionam os delegados da Lava Jato.

Entre os políticos que pagaram pelos serviços do escritório, o que mais gastou foi Marcelo Almeida (PMDB): R$ 160 mil. Em segundo lugar aparece a senadora Gleisi Hoffmann (PT), com o pagamento de R$ 100 mil. Angelo Vanhoni (PT) e o deputado estadual Bernardo Ribas Carli (PSDB) pagaram R$ 10 mil cada um. Já Pedro Guerra (PSD) gastou R$ 17,6 mil.

Segundo a PF, pesquisas em fontes abertas apontam que não existe relação entre os escritórios de advocacia Guilherme Gonçalves & Sacha Reck e Gonçalves, Razuk, Lemos & Gabardo e as empresas do grupo Consist. Mesmo assim, as empresas do grupo pagaram aos escritórios cerca de R$ 7,2 milhões entre 2011 e 2015.

“Tal fato causa estranheza pelo fato de que, caso os escritórios tenham prestado serviços jurídicos contenciosos ao grupo Consist, seria inevitável a vinculação entre eles em decorrência de publicações em diários oficiais, por exemplo”, diz o inquérito da PF.

Os investigadores afirmaram que executivos da Consist confirmaram que realizavam pagamentos a empresas indicadas pelos operadores Milton Pascowitch e Alexandre Romano sem a devida prestação de serviços. A PF investiga agora quem seriam os destinatários finais do dinheiro.

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