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Representantes do PSDB e do DEM, partidos de oposição que ajudaram a eleger Eduardo Cunha presidente da Câmara, e alguns liderados do deputado reuniram-se com ele ontem pela manhã para tentar convencê-lo a renunciar ao cargo, em troca da preservação de seu mandato. Mas Cunha permaneceu irredutível.

A proposta é boa para o deputado, que a esta altura, pela contundência das provas, já perdeu o benefício da dúvida. Mas indecente para a imagem do Congresso, por tratar-se, sem rodeio, de uma tentativa de conchavo. Renúncia é ato unilateral que não depende de barganha.

Tratam a saída de Cunha como se ela fosse uma concessão, oferecendo-lhe a contrapartida de fugir do julgamento de seus pares, desprezando com isso todo um cuidadoso trabalho investigativo da Polícia Federal, do Ministério Público e, agora, do próprio Supremo Tribunal Federal.

O que os partidos deveriam oferecer ao presidente da Câmara, neste momento, é um óbvio direito amplo de defesa para que o seu inevitável processo de quebra de decoro transcorra normalmente, sem interferências políticas internas e externas. E não a impunidade.

Tentar abortar esse processo pelo corporativismo tem garantido a sobrevivência política de personagens reincidentes em práticas condenáveis, como o próprio presidente do Senado, Renan Calheiros.

As revelações surgidas até agora de crimes praticados pelo presidente da Câmara fazem parte de uma obra em construção. Ninguém sabe ainda o que estar por vir.

A sorte da instituição é que Eduardo Cunha resolveu pagar para ver.

Talvez essa teimosia seja uma das suas raras contribuições para a moralização do Legislativo, impedindo que a abertura de processo de cassação seja interrompida por acordos imorais.

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