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Exame de sangue| Foto:

Culto em homenagem a Gilmar Yared

A família de Gilmar Rafael Yared, de 26 anos, um dos jovens que morreu no acidente, fará um culto em homenagem ao rapaz. A celebração ocorrerá na Igreja Evangelho Eterno, em Curitiba, a partir das 20 horas. O pai do jovem, Gilmar Yared, revelou que amigos e familiares também estudam a realização de uma passeata nos próximos dias, para cobrar justiça sobre o caso.

No dia seguinte ao acidente, Gilmar Yared declarou que a morte do filho foi um crime e não um acidente. "É como se tivessem arrancado um pedaço de nós. Nada se compara à dor de perder um filho."

Serviço: Endereço da Igreja: Rua XV de Novembro, 2.425, Alto da XV.

O relatório emitido pelos bombeiros do Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma em Emergência (Siate), que prestaram os primeiros atendimentos ao deputado Carli Filho, aponta que ele apresentava "hálito etílico" no momento do acidente. Apesar disso, o Hospital Evangélico, no qual o parlamentar permaneceu internado até a noite do último domingo, recebeu apenas ontem um pedido para que envie amostras de sangue do deputado ao Instituto Médico-Legal (IML) para análise de dosagem alcoólica.

No dia do acidente, o delegado Armando Braga de Moraes Neto, responsável pelas investigações iniciais sobre o caso, declarou que só solicitaria o exame se houvesse forte suspeição do uso de substâncias que alteram a consciência – exatamente o que apontava o laudo do Siate. No entanto, segundo ele, os medicamentos que Carli Filho recebeu poderiam "mascarar" a possível presença de álcool. Já os dois rapazes que morreram tiveram amostras de sangue coletadas – procedimento padrão nos casos de óbito, de acordo com Moraes Neto.

O delegado, porém, voltou atrás da decisão na última terça-feira e solicitou ao Evangélico o envio do sangue do deputado para o IML. No ofício, ele pede que o hospital informe a data e a hora em que o material foi coletado e quais remédios foram ministrados ao parlamentar, para determinar se os resultados do exame de dosagem alcoólica serão válidos. O texto, no entanto, dá a entender que Moraes Neto assume de antemão a possibilidade de o Evangélico já ter descartado o material: "Solicitamos amostra de sangue (se houver) colhida do sr. Luiz Fernando Ribas Carli Filho".

Ontem, o Hospital Evangélico confirmou que recebeu o pedido da Delegacia de Delitos de Trânsito (Dedetran) e disse que iria verificar se ainda guarda amostras de sangue de Ribas Carli. Um dia antes, entretanto, a assessoria da entidade havia afirmado à Gazeta do Povo que não possuía material para enviar ao IML. Segundo o hospital, amostras de sangue são colhidas apenas para exames de rotina no pronto-socorro e descartadas após as análises.

A interpretação do psiquiatra Luiz Fernando Carazzai, especialista em álcool e drogas do Hospital de Clínicas, é diferente do que argumentou o delegado. Ele declarou que é possível detectar vestígios de álcool na corrente sanguínea até 24 horas após a ingestão da bebida e afirmou que os medicamentos não mascaram o consumo de álcool.

Testemunha

Uma pessoa que estava no restaurante no qual Ribas Carli jantou pouco antes de se envolver no acidente contou à reportagem que viu o momento em que o parlamentar saiu "bêbado" do estabelecimento. "Ele (Ribas Carli) saiu se apoiando num casal de amigos. Ele (deputado) estava bêbado. Todo mundo que estava ali viu que ele estava bem alterado", contou a fonte, que pediu para não ter o nome divulgado.

A testemunha revelou ainda que, após sair carregado pelo casal, o parlamentar chegou a entrar no carro dos amigos. "O amigo ia levar ele embora. Na hora ele topou, mas depois mudou de ideia." Segundo a fonte, o amigo de Ribas Carli disse aos manobristas para deixar o carro do deputado no estacionamento, porque ele voltaria para buscá-lo no dia seguinte. Nesse momento, porém, o veículo dirigido pelo deputado – um Passat preto importado – chegou à frente do restaurante. Ao ver o veículo, Ribas Carli deixou o carro do amigo e embarcou no Passat. "O deputado saiu correndo do carro do amigo. O casal (de amigos) ainda desceu para falar com o deputado, mas não adiantou. Ele (Ribas Carli) entrou no carro dele e saiu em alta velocidade", resumiu.

Outra testemunha, que foi a primeira pessoa a chegar ao local do acidente, garantiu que dois bombeiros que atenderam a ocorrência comentaram entre si que Carli Filho era uma "vítima em código três (com risco de morrer) visivelmente etílico". A testemunha disse também que o deputado dirigia em altíssima velocidade no momento da colisão.

Multas

O Passat preto que Carli Filho dirigia no momento da colisão com o Honda Fit prata na madrugada da quinta-feira passada já havia recebido uma multa uma semana antes, no dia 30 de abril, por transitar acima da velocidade permitida. Essa era a única multa do veículo que constava até ontem à noite no site do Detran-PR. Segundo o registro da entidade, a infração foi cometida na Rua Monsenhor Ivo Zanlorenzi – a mesma via rápida em que ocorreu o acidente.

Na multa, consta que o motorista do veículo transitava acima de 20% da velocidade permitida, às 6h47 da manhã. Não é possível dizer, no entanto, quem dirigia o carro no momento em que ele foi multado. O veículo aparece como sendo de propriedade da empresa Guarapuava Diesel, da qual o pai de Carli Filho é dono.

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Interatividade

A demora para solicitar o exame de sangue pode prejudicar as investigações?

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