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Os presidentes do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), enfatizaram no encontro com o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, nesta segunda-feira (23) a necessidade de paz no Oriente Médio. Sarney lembrou um acordo da América Latina contra a proliferação de armas nucleares e defendeu que se busque uma solução pacífica entre judeus e palestinos.

Além dos presidentes da Casa, sete deputados acompanharam a visita.Outros dois deputados repetiram o protesto feito antes no Salão Verde da casa e estenderam a faixa "Holocausto nunca mais".

Sarney destacou em sua fala o caráter pacífico do continente americano. "Vossa excelência visita o continente mais pacífico da face da terra. Há 100 anos não temos nenhuma guerra. O Brasil tem fronteiras com 10 países e fronteiras de cooperação, nunca de confrontamento. Essa cultura da paz esta inscrita na Constituição do Brasil", disse Sarney.

Ele enfatizou que o Brasil é signatário de tratados contra a proliferação de armas nucleares. "Votamos nas Nações Unidas para que o Atlântico Sul seja uma área desmilitarizada proibindo que nessas áreas transitem embarcações com armas nucleares. Quero ressaltar que esperamos que o Brasil possa contribuir com este sentimento para que no Oriente Médio possa ser encontrada uma área sem conflitos e de paz entre os povos".

Sarney comparou os povos judeus e árabes e disse que a paz entre as partes seria muito importante. Apesar do Irã ser persa, Ahmadinejah é solidário da causa palestina. "A melhor notícia que poderíamos receber seria a do fim do conflito entre árabes e judeus, duas nações profundamente sofridas. O povo judeu que chegou na sua diáspora a ser quase dizimado e o povo palestino, expulso de suas terras, vítima de violência constante".

O presidente da Câmara destacou que há cooperação com o parlamento iraniano e destacou que o Brasil pode atuar como mediador em conflitos internacionais. "Com muita alegria cívica destaco a possibilidade do Brasil sempre fazer papel de mediador de muitos conflitos internacionais".

Ele destacou também a convivência pacífica entre raças e religiões no Brasil. "Nossa Constituição está ancorada na solidariedade de varias raças. Aqui no Brasil convivem na maior harmonia todas as raças e crenças religiosas".

Protesto de parlamentares

Antes mesmo da chegada do presidente do Irã ao Congresso Nacional deputados iniciaram protestos contra a visita. Os deputados Marcelo Itagiba (PSDB-RJ) e Zenaldo Coutinho (PSDB-PA) estão no Salão Verde da Câmara com uma faixa com os dizeres "Holocausto nunca mais". Eles estão acompanhados de um sobrevivente do Holocausto, acontecimento que já teve sua existência negada pelo presidente do Irã.

Itagiba é autor de um projeto que torna crime a negação do Holocausto. A proposta está em tramitação na Câmara. "É importante que se aprove isso o quanto antes para que sigamos as legislações da Alemanha, de Portugal e do Canadá que consideram a negação como um crime. Essa negação tem o objetivo de suscitar a discriminação".

O deputado Zenaldo Coutinho disse ao G1 que protestos têm sido impedidos. Segundo ele, um caminhão de som que estava em frente ao Itamaraty foi retirado a pedido da Presidência da República. A Presidência do Senado também impediu que o caminhão ficassem em frente ao Congresso Nacional, segundo o parlamentar. Em nota divulgada no domingo (22), a Executiva do DEM criticou a visita. "O partido entende que a presença de Mahmoud Ahmadinejad no Congresso Nacional seria incompatível com os princípios filosóficos e constitucionais da democracia brasileira." O partido chegou a pedir que os presidentes do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), não recebessem o presidente do Irã.

Programa nuclear

Ao lado de Ahmadinejad, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse mais cedo nesta segunda-feira (23), durante entrevista coletiva de imprensa, que reconhece o direito do Irã de executar seu plano nuclear para fins pacíficos e afirmou que o "Brasil sonha com um Oriente Médio" livre de armas atômicas.

Ahmadinejad se reuniu com Lula no Palácio do Itamaraty, em Brasília, por volta de 12h30, para a assinatura de acordos comerciais e diplomáticos com o Brasil.

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