• Carregando...
André Vargas diz ser vítima de “massacre midiático” | Gustavo Lima/ Câmara dos Deputados
André Vargas diz ser vítima de “massacre midiático”| Foto: Gustavo Lima/ Câmara dos Deputados

Conselho de ética

Oposição protocola dois pedidos de investigação contra vice da Câmara

Agência Estado

PSDB, DEM e PPS protocolaram ontem uma representação pedindo a abertura de processo por quebra de decoro parlamentar contra André Vargas (PT-PR), vice-presidente da Câmara dos Deputados. O processo pode levar à cassação do parlamentar. Na representação, os partidos da oposição pedem que o Conselho de Ética convide o doleiro Alberto Youssef a prestar depoimento sobre sua relação com Vargas. Além dessa representação, o PSol protocolou um pedido de investigação contra Vargas na Corregedoria da Câmara. A sigla ainda anunciou que deve entrar hoje com uma nova representação, desta vez no Ministério Público, para investigar Vargas.

Eleições

PF investiga se doleiro intermediou doações para PP e PMDB

Agência Estado

A Polícia Federal (PF) investiga o doleiro Alberto Youssef por ter supostamente intermediado doações eleitorais para partidos como o PP e o PMDB. Reportagem publicada ontem pelo jornal O Estado de S. Paulo mostrou que documentos apreendidos pela PF sugerem que o doleiro teria encaminhado R$ 4,64 milhões a deputados e aos diretórios das duas siglas em Rondônia. Além disso, a PF ainda apura se Youssef distribui outros R$ 2,7 milhões na campanha eleitoral de 2010. Trocas de mensagens citam o ex-presidente do PP Pedro Corrêa, condenado no processo do mensalão, que teria sido beneficiário de R$ 20 mil. Segundo o jornal, documentos da investigação mostram que Yousseff teria intermediado contribuições da empreiteira Queiroz Galvão e da Jaraguá Empreendimentos, ambas fornecedoras da Petrobras, ao PP e a diversos integrantes da sigla. O jornal procurou Pedro Correa, mas não obteve retorno.

Versões

Confira as várias versões de André Vargas sobre sua relação com o doleiro Alberto Youssef:

• O voo

Após a revelação de que voou com a família de Londrina a João Pessoa em um jatinho fretado pelo doleiro, Vargas alega que pediu o avião porque voos comerciais estavam muito caros. Na ocasião, ele afirmou que pagou o combustível. Estima-se que o custo da viagem foi de R$ 100 mil.

• 2ª versão

Depois, em uma nota, Vargas disse que tentou, mas não conseguiu, pagar R$ 20 mil dos gastos de combustível para Youssef. "Ele não aceitou", informou o deputado.

• Carona

Depois, em discurso na Câmara, Vargas declarou que só embarcou no voo porque acreditava tratar-se de uma carona. Negou ainda ter feito qualquer tipo de pressão no governo favorável aos interesses de Youssef.

• "Vou atuar"

Neste fim de semana, a revista Veja revelou trocas de mensagens entre Vargas e o doleiro. Em uma delas, Youssef afirma: "Estou enforcado. Preciso de ajuda para captar...". Na mesma conversa, Vargas responde: "Vou atuar." Youssef também afirma que negociação com o Ministério da Saúde vai garantir a "saúde financeira" dele e do deputado.

  • Vicentinho: PT está ‘satisfeito’ com a atitude de Vargas

Pressionado pelas denúncias de que teria negócios com o doleiro preso pela Polícia Federal (PF) Alberto Youssef, o vice-presidente da Câmara dos Deputados, André Vargas (PT-PR), pediu ontem licença por 60 dias do mandato e do cargo na mesa executiva da Casa. Já a Justiça Federal remeteu ao Supremo Tribunal Federal (STF) todos os documentos da Operação Lava Jato que ligam Youssef a Vargas. Como deputado, Vargas tem direito a foto privilegiado no STF e uma eventual investigação contra ele tem de ser comandada pelo Supremo.

No pedido de licença do mandato e do cargo de vice-presidente da Câmara, Vargas alegou "motivos pessoais". Em nota de esclarecimento divulgada pela sua assessoria, argumentou que quer "preservar a instituição da qual faz parte, a Câmara dos Deputados, enquanto prepara sua defesa diante do massacre midiático que está sofrendo, fruto de vazamento ilegal de informações".

A assessoria do deputado destacou ainda que Vargas "segue à disposição dos órgãos competentes para prestar quaisquer esclarecimentos que se façam necessários". "O deputado reafirma seu compromisso com sua história política e sua luta em defesa do povo paranaense e do Brasil, sempre", conclui a nota.

Relações suspeitas

O doleiro Alberto Youssef já havia sido condenado pelo escândalo do Banestado – por meio do qual houve remessas de dinheiro ilegais para o exterior. No mês passado, foi preso pela PF sob acusação de participar de um esquema que lavou R$ 10 bilhões. Recentemente, foi revelado que ele e Vargas tinham uma relação muito próxima. O avião particular em que Vargas viajou de férias de Londrina para João Pessoa (PB) em janeiro, por exemplo, foi pago pelo doleiro. Estima-se que o custo da viagem foi de R$ 100 mil.

Nas investigações da Operação Lava Jato, foram obtidas ainda mensagens de celular entre Vargas e Youssef que levantam a suspeita de que o deputado fazia lobby no governo a favor de negócios suspeitos do doleiro – como no caso de um contrato de R$ 150 milhões para fornecimento de remédios do laboratório Labogen para o Ministério da Saúde. Em uma das mensagens trocadas entre os dois, o doleiro afirma a Vargas que o negócio poderia lhes trazer "independência financeira".

Na semana passada, Vargas negou que tenha agido de forma ilegal. Mas reconheceu que conhece Youssef há 20 anos. Também disse estar arrependido de ter viajado num jato fretado pelo doleiro.

Procuradoria

Caberá ao STF encaminhar o caso de Vargas à Procuradoria-Geral da República, que decidirá se pede ou não abertura de investigação. A Justiça Federal, que decidiu remeter o caso ao Supremo, considera que há "elementos probatórios que apontam para relação entre Youssef e o deputado". Apesar disso, a Justiça avalia que ainda é prematura afirmação de que o relacionamento entre o doleiro e Vargas "teria natureza criminosa". Apenas a parte relativa ao parlamentar da Operação Lava Jato seguirá para o STF.

Executiva do PT discutirá situação do paranaense

Da Redação, com agências

Oficialmente, o PT informou ontem ter ficado "satisfeito" com a licença de 60 dias do deputado paranaense André Vargas. Nos bastidores, porém, a avaliação é de que o caso poderá causar mais desgaste ao partido. E não está descartada a hipótese de a sigla pressionar o parlamentar a renunciar ao cargo de vice-presidente da Câmara.

A situação de Vargas será discutida na próxima quinta-feira numa reunião da executiva nacional do PT. Segundo o presidente nacional do partido, Rui Falcão, a sigla trabalhará com a presunção da inocência, mas "não convalida esse tipo de relação [de Vargas com o doleiro Alberto Youssef], se é que ela existiu".

A reunião da quinta-feira servirá para que os dirigentes petistas discutam quais serão os procedimentos do partido relação ao caso de Vargas. O paranaense não deve participar da reunião, pois desde o fim do ano passado Vargas não compõe a executiva nem o diretório nacional do PT.

Satisfação

Já o líder do PT na Câmara, deputado Vicentinho (SP), afirmou ontem que o partido ficou "satisfeito" com a atitude de Vargas de se licenciar do mandato. "O nosso partido está satisfeito com a atitude que ele tomou. Respeitamos a decisão", disse o líder. "O afastamento era algo que nós esperávamos."

Vicentinho, porém, evitou fazer a defesa do colega e afirmou que a licença deixará Vargas com maiores condições de responder às acusações. Vicentinho disse ainda não haver como comparar a situação do petista com a do senador Demóstenes Torres (ex-DEM), que foi cassado em 2012 após ser flagrado em operação da Polícia Federal em uma relação próxima e de troca de favores com o bicheiro Carlinhos Cachoeira.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]