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Meio Ambiente

Agricultura faz ecologia com galões de agrotóxicos

Apesar do aumento no uso de praguicidas, sistema mantém Brasil como referência de produção sustentável

Recolhimento de embalagens recebe novo estímulo neste mês com série de eventos do Campo Limpo. |
Recolhimento de embalagens recebe novo estímulo neste mês com série de eventos do Campo Limpo. (Foto: )

A agricultura brasileira está em busca de argumentos para mostrar ao mercado global que respeita o ambiente e pode se tornar, de maneira sustentável, o maior centro exportador de alimentos do planeta. Plantio direto na palha, integração de lavoura e pecuária –enquanto práticas que ajudam a reduzir a emissão de gases do aquecimento global – surgem como novas bandeiras. Mas, é o sistema de recolhimento de embalagens de agrotóxicos – que lida com produtos altamente poluentes –que se mantém como principal cartão de visitas, mostram dados do Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (inpEV).

O setor celebra nesta terça-feira (18), como ocorre há uma década, o Dia Nacional do Campo Limpo, com recolhimento de 94% das embalagens utilizadas na agricultura, conforme o diretor-presidente do inpEV, João César Rando. Esse índice tem se mantido mesmo com uso cada vez maior de herbicidas, fungicidas e inseticidas, determinado pela expansão das lavouras.

O Brasil cultiva área de grãos 18% maior que a de uma década atrás. Foram 57,8 milhões de hectares em 2014/15, conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), ante 49 milhões em 2004/05 – 31,9 milhões só com soja. O surgimento de ameaças como ferrugem asiática, no início dos anos 2000, e a expansão dos ataques de insetos, como a lagarta Helicoverpa armigera, nas últimas duas safras, contribuem para fazer do país o maior consumidor de agrotóxicos do mundo -- com um mercado de R$ 26 bilhões que movimenta mais de 1 milhão de toneladas de produtos.

Em contrapartida, o Brasil tem o índice mais elevado de recolhimento de embalagens do planeta, argumenta Rando. “Estamos com 94%, enquanto Estados Unidos têm 33%, França 77%, Espanha 67%, Alemanha 68% e Polônia 70%”, afirma. Ele acredita que esse índice é determinante para a segurança da saúde pública.

O recolhimento, financiado pela indústria, segue determinações da Política Nacional de Resíduos Sólidos. As embalagens recolhidas são incineradas ou destinadas à produção de óleos lubrificantes, lâmpadas, eletroeletrônicos, pneus e pilhas ou mesmo de novas embalagens. O sistema reúne os frascos e caixas em centrais regionais, normalmente esvaziadas pelos próprios caminhões que distribuem as embalagens cheias nos pontos de comércio.

O uso de um produto tóxico significa intoxicação se sua dose for maior que a indicada numa aplicação ou no tempo determinado, explica a pesquisadora Elizabeth de Souza Nascimento, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP. Todas as substâncias são tóxicas, frisa. O uso correto de “praguicidas” permite ao Brasil fornecer alimentos seguros à exportação, avalia.

8,8 milhõesde hectares a mais são cultivados no Brasil na comparação com a área de grãos de 2004/05, aponta a Conab. Mercado de agrotóxicos cresce também devido a novas pragas e alcança R$ 26 bilhões, valor quatro vezes maior que o de uma década atrás.330 mil tde embalagens de agrotóxicos foram recolhidas no Brasil desde o início dos trabalhos do sistema Campo Limpo, em 2002, conforme o inpEV. As 100 mil unidades de coleta de 22 estados comemoram essa marca hoje, no Dia Nacional do Campo Limpo.

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