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A crise da suinocultura começou, de forma mais efetiva, há um ano com os embargos russo e argentino. Na falta de comprador externo, a oferta do produto aumentou significativamente no Brasil, deixando o mercado interno sobrecarregado. Segundo a Associação Paranaense de Suinocultores (APS), o aumento da produção na região Sul foi de 8% em 2011."Estávamos com o setor estabilizado, com equilíbrio entre oferta e demanda, mas surgiram rumores de que haveria uma maior abertura para o mercado externo, o que incentivou aumento na produção", resume Carlos Francisco Geesdorf. "O comércio com a Rússia é abalado por um jogo político. A gota dágua foi a Argentina, que também restringiu as compras, fazendo com que sobrasse muita carne no mercado", complementa.
O aumento da oferta é resultado dos investimentos que o setor promoveu nos últimos anos na expectativa do aumento da exportação. Como isso não se concretizou, a saída adotada pelas grandes empresas, que representam cerca de 80% do mercado, foi despejar o produto no mercado interno. "Elas [empresas] dominam as vendas. Porém, quando não acontecem, a opção é jogar o preço lá embaixo para vender no mercado interno", lamenta Batckes. "Para os pequenos e médios produtores vale mais abater o animal na hora que nasce para não ter prejuízo."
Diante do agravamento do quadro da suinocultura no Paraná, muitos produtores estão mudando de ramo. O criador Ivacir Cerutti, de Toledo, é um dos poucos que ainda aposta na criação de porcos, apesar de o lucro estar praticamente empatado com os custos. Ele diz estar entregando o quilo do suíno vivo a R$ 1,60, abaixo da média, de R$ 1,80 por quilo, apontada para a região. Ele vende 200 animais por semana para um comprador independente e ainda não largou a atividade porque consegue reduzir seus custos processando o farelo de soja e produzindo ração na própria granja. "Prefiro vender à vista a perder de vista", brinca Cerutti. "O que a gente precisa hoje é de preço mínimo", sugere.
Para agravar a situação, o custo aumentou em função da alta dos preços do milho e farelo de soja, produtos utilizados na alimentação dos animais. Com isso, criar um porco até o momento do abate custa, em média, R$ 2,50 por quilo, sendo que os produtores recebem R$ 1,70 por quilo ou até menos na hora da venda. "O crescimento do preço [da ração] foi astronômico. Todos esses fatores convergiram para a crise atual", reforça Geesdorf.
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