Nos próximos três meses, não haverá mau tempo que justifique algum desânimo no campo. Pelo contrário, a safra 2006/07 terá as condições climáticas necessárias para deixar para trás os prejuízos dos últimos dois anos, de acordo com as previsões meteorológicas. Já sob influência do El Niño, as chuvas mais fartas e bem distribuídas são mais que um incentivo para os produtores que perderam 11 milhões de toneladas de grãos por causa das secas nos últimos dois anos no Paraná.
Os especialistas divergem apenas sobre a intensidade do El Niño e, conseqüentemente, das chuvas, mas sem muitas variações. A umidade é suficiente para o plantio de soja, que começa agora e vai até dezembro, dependendo justamente da distribuição das chuvas. O milho de primeira safra também tem boas condições de plantio em todo o estado. O clima favorece ainda o feijão das águas (Norte Pioneiro e Sul) e o algodão (Norte).
Os nove primeiros meses do ano acumularam déficit de 400 milímetros de chuva em algumas regiões, que vem sendo recuperado aos poucos. São necessárias chuvas freqüentes e bem distribuídas para repor a umidade da terra, diz a meteorologista Ângela Costa, que atua no Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar) e trabalha em parceria com o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar). "A tendência é de que as chuvas ocorram dentro da média nos próximos meses e os agricultores tenham as condições necessárias para plantar."
As previsões são otimistas, mas não descartam que uma região ou outra tenha excesso ou falta de chuva, afirma o agrometeorologista do Iapar Rogério Teixeira Faria. De maneira geral, não haverá nem falta nem excesso, acrescenta. Ele acredita que as previsões podem reproduzir as condições que garantiram produtividade à safra recorde de 2002/03. Naquela época, as culturas de verão renderam 26,53 milhões de toneladas, contra 22,25 e 18,94 milhões de toneladas nos anos seguintes, segundo o Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral).
Já o meteorologista Luiz Renato Lazinski, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), diz que o clima não será tão favorável quanto o da safra 2002/03. Ele considera que, apesar da tendência de chuvas dentro da média histórica, o El Niño não elimina a possibilidade de estiagens. "A temperatura das águas do Oceano Pacífico está entre 0,5.º C e 1.º C acima do normal, o que indica que o El Niño será fraco. Seria necessário que a temperatura subisse 2.º C para que houvesse mais chuvas e a seca ficasse realmente para trás", afirma. No continente a temperatura deve subir os 2.º C.
Ele diz não ter dúvidas de que o clima será melhor do que nas duas últimas safras. Se houver estiagens, elas não devem deixar as lavouras 50 dias sem chuva, como aconteceu dois anos atrás. "Não teremos um clima excelente como na safra 2002/03, mas com certeza os agricultores têm boas condições de cultivo", acrescenta Lazinski.



