No embalo dos bons resultados e perspectivas para o segmento agrícola, as exposições agropecuárias e industriais que acontecem por todo o país revelam um cenário exageradamente otimista para o agronegócio brasileiro. É certo que as apostas na cana-de-açúcar e no biodiesel potencializam as previsões e estimativas para o campo, mas não podemos esquecer que falamos de um setor em recuperação, o que não significa, necessariamente, crescimento.
De qualquer maneira, não resta dúvida que depois de dois anos de prejuízo o dinheiro do agronegócio volta a circular e ter maior participação na economia brasileira. E depois, mesmo que seja para pagar dívidas, o fato é que existe mais moeda na praça. É a velha história do capital de giro, que pode virar investimento ou então ser usado para eliminar passivos financeiros. Em qualquer uma das hipóteses, tem alguém que paga e outro que recebe, um fluxo de recursos que configura produção, renda e, no caso específico do agronegócio, recuperação.
Entre os exemplos está a Exposição Agropecuária de Londrina, realizada no mês passado, que registrou um movimento financeiro de R$ 166,14 milhões. Não é um número recorde, mas 20% acima do verificado no ano passado pelo maior evento do gênero no Paraná. Em Maringá, que historicamente tem a segunda maior feira do estado, a semana é de expectativa com a realização da Expoingá. A sociedade rural aposta num faturamento de R$ 100 milhões, mais de três vezes o resultado de 2006, quando o resultado foi de R$ 30 milhões.
O que falar então da Agrishow Ribeirão Preto (SP), maior feira de tecnologia agrícola da América Latina, realizada no início do mês, que fechou negócios de R$ 720 milhões, surpreendentes 42% a mais que no ano passado. Tudo bem que o recorde é de R$ 1,25 bilhão, mas um crescimento de quase 50% em um ano não deixa de ser um desempenho considerável. Na exposição foram comercializadas máquinas de R$ 50 mil a R$ 1 milhão.
Será otimismo ou euforia? É uma pergunta difícil de responder, pelo menos agora, neste momento. Somente no segundo semestre, com a safra encerrada (milho safrinha e culturas de inverno) será possível mensurar o tamanho do rombo ou então a excepcional recuperação do setor. Por enquanto, a recomendação de técnicos e analistas é de cautela. Isso não quer dizer que o produtor está proibido de investir. Comprar trator e gastar em tecnologia é necessário, mas otimizar custos e maximizar recursos é fundamental.



