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Infraestrutura

Empresas do agronegócio só investem no país se governo investir em logística

Gigantes do setor que atuam no Brasil apontam que país não tem condições de manter ritmo de crescimento com atual infraestrutura de escoamento de produtos agrícolas

Cargill atrela a expansão de seus investimentos no país à melhoria das estradas | Josue Teixeira/Josue Teixeira
Cargill atrela a expansão de seus investimentos no país à melhoria das estradas (Foto: Josue Teixeira/Josue Teixeira)

Em Barcarena (PA), além das cargas provenientes de Miritituba, entre 15% e 20% da mercadoria percorre toda a distância entre o produtor e o porto de caminhão. Trechos com buracos e poças d’água remanescentes das chuvas são uma pequena mostra do trajeto que os caminhoneiros fazem pela BR-163.

A Archer Daniels Midland (ADM), que desde 2015 opera em Vila do Conde o Terminal de Grãos Ponta da Montanha (TGPM), em parceria com a Glencore, diz que a concessão da BR-163 e a construção da Ferrogrão têm igual importância para que o escoamento da produção agrícola pelo Norte continue crescendo. “Os dois projetos são complementares e abrem oportunidades para todo o País”, disse Eduardo Rodrigues, diretor de Logística da ADM.

A Cargill também atrela a expansão de seus investimentos na região à melhoria das estradas. Em novembro deste ano, pretende inaugurar uma ETC própria em Miritituba, com capacidade para escoar 3 milhões de toneladas. Hoje, utiliza os serviços da Transportes Bertolini para carregar as barcaças com produto do médio-norte mato-grossense. “Dependemos das melhorias na BR-163”, disse Ricardo Cerqueira, gerente de Projetos e Operações Portuárias da empresa. Até agora, contudo, não há expectativa sobre data para o lançamento de edital para obras nos 200 km sem pavimentação da rodovia.

Para se instalar no município paraense, a Cargill investiu R$ 180 milhões, destinados entre outros itens a três silos com capacidade para 54 mil toneladas. “A construção da ETC começou em janeiro de 2015. Pretendemos dar início aos testes em outubro deste ano e estarmos totalmente operáveis em janeiro de 2017”, afirmou.

Até que o complexo da companhia esteja pronto, a Bertolini continuará carregando as barcaças em Miritituba, que de lá seguem para o terminal próprio da Cargill em Santarém (PA) - estrutura que foi ampliada para 5 milhões de toneladas após investimentos de R$ 240 milhões. Conforme Cerqueira, o potencial de escoamento da Cargill pelo Arco Norte praticamente equivale ao que se encontra hoje no Sul e Sudeste. Enquanto Santarém pode movimentar 5 milhões de toneladas, Santos e Paranaguá podem embarcar 3 milhões cada, totalizando 6 milhões de toneladas.

A Bertolini também presta serviços para a ADM, que diz não ter projeto para uma estação própria de transbordo em Miritituba por enquanto. Hoje, segundo Eduardo Rodrigues, da ADM, a companhia concentra atenção no Terminal de Grãos Ponta da Montanha (TGPM), em Barcarena, por onde escoou 1,5 milhão de toneladas em 2015 e deve chegar a 2 milhões (+33%) em 2016.

A Bunge investiu R$ 700 milhões nas instalações em Miritituba e Vila do Conde, em Barcarena. Uma joint venture entre a empresa e o Grupo Amaggi opera as barcaças que levam soja de Miritituba a Barcarena. Cada comboio é composto por 20 barcaças, que chegam a transportar 40 mil toneladas no total, suficiente para retirar 1 mil caminhões das estradas. Do total dos produtos recebidos pela Bunge em Barcarena, 85% chegam pelos rios; o restante, por estradas. Em 2015, o terminal da Bunge movimentou 2 milhões de toneladas, perto do limite da capacidade de 2,5 milhões.

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