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Escassez no campo encarece salada mista

O preço do quilo da cebola no varejo saltou de R$ 2 em janeiro para R$ 6 em junho. Alta deve permanecer nos próximos meses

Em alguns locais de Curitiba, tubérculo está ainda mais caro que o registrado pela Seab. |
Em alguns locais de Curitiba, tubérculo está ainda mais caro que o registrado pela Seab. (Foto: )

Nos últimos meses, o consumidor não tem digerido com facilidade a tradicional salada mista. O motivo de o prato estar indigesto, apesar de extremamente saudável, é o preço das verduras e legumes, que estão pesando no bolso da população. Itens como cebola, batata-salsa, chuchu e beterraba registraram, de acordo com acompanhamento da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab), aumento acima da inflação este ano.

Em alguns casos, os reajustes foram estratosféricos. Caso da cebola, que saltou 305% nos últimos 12 meses -- considerando apenas o primeiro semestre deste ano, o aumento foi de 297%. O chuchu aparece em segundo lugar, com inflação de 64%, seguido pela batata-salsa (61%) e a beterraba (60%). Pimentão, pepino, couve-flor, cenoura, entre outros alimentos, também tiveram aumento das cotações ao produtor.

O salto nos preços dos alimentos que compõem a salada mista tem explicação em vários fatores. De acordo com Valério Borba, consultor técnico do Ceasa, reajustes de tarifas, como da energia elétrica, do combustível e do pedágio, pesaram na equação. Além disso, no caso específico da cebola ainda ocorreu “a queda na safra dos principais produtores e o atraso da colheita no Nordeste”, justifica Borba.

No varejo, o quilo do produtor, de acordo com tabela da Seab, começou o ano em R$ 2 e já chegou, em junho, a R$ 6. “A saída é segurar um pouco, arranjar um substituto”, recomenda o engenheiro agrônomo e coordenador estadual de Olericultura do Instituto Emater, Iniberto Hamerschmidt. “Acredito que dentro de um mês o preço venha a baixar”, complementa.O agricultor João Paulo Staron, do município de Contenda, na Região Metropolitana de Curitiba, culpa o forte calor registrado no ano passado e o excesso de chuva durante a colheita pelo comprometimento da safra. “[Esses fatores] prejudicaram a qualidade da cebola e, consequentemente, seu armazenamento correto.”

Com menos tempo para deixar estocado o produto sem risco de apodrecimento, a saída encontrada pelos agricultores foi vender o quanto antes para evitar perdas. Com o aumento súbito de preço, a maioria aproveitou para colocar as verduras e legumes nos mercados, reduzindo significativamente os estoques nos últimos dois meses. Com o atraso na produção do Nordeste, de São Paulo (causada pela seca) e da Argentina, o que atrasou a entrada de uma nova remessa, os preços continuaram subindo.

Mudança de cultura

Segundo Marco Antonio Gonçalves, presidente da cooperativa Cootenda, região tradicional produtora de cebola, outro problema foi a debandada dos agricultores para a soja, em função das boas cotações da commodity. “Os maiores foram todos para a soja. Só sobraram os pequenos”, afirma.

Das 186 famílias associadas à cooperativa, “nem 50” plantaram cebola ano passado, ressalta Gonçalves. Nos anos anteriores, todas dedicavam pelo menos um espaço para o plantio do tubérculo. “Hoje não tem nem para o nosso programa de merenda escolar. Estamos há dois meses sem cebola.”

Os mesmos fatores climáticos que atrapalharam a cebola em São Paulo também interferiram na safra de chuchu, que normalmente fica no mercado entre novembro até o início do inverno. Mas que este ano, a partir de abril já estava escasso por causa da estiagem.

Já a cenoura, explica Hamerschmidt, tem o plantio de uma cultura adequada para um clima mais frio feito a partir de abril. Por isso, “daqui a uns dias terá um preço melhor”, projeta.

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