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Iapar lembra 95 anos de fazenda

Ponta Grossa – A rota dos tropeiros e o clima assemelhado ao europeu definiram Ponta Grossa como o lugar para a instalação da segunda fazenda-modelo do Brasil, criada apenas um mês depois da primeira, no Rio de Janeiro, há 95 anos. O objetivo era profissionalizar o pecuarismo e hoje inclui o desenvolvimento de uma raça de gado exclusivamente paranaense, a purunã.

Em 1912, o tropeirismo já perdia forças como atividade econômica, mas a pecuária, não. E o cenário, apesar de promissor, exigia atitudes imediatas. O gado nacional, criado largado no pasto e sem preocupação com as raças, não alcançava a metade da produção de leite e de carne dos animais europeus.

Na tentativa de diversificar as atividades agrícolas, concentradas no café, o Ministério da Agricultura começou a fomentar a pecuária. A 1.ª Guerra Mundial transformou o Brasil num exportador de carne.

A partir de Ponta Grossa é que se popularizaram raças como pardo-suíço, limousine e angus. Mais tarde, o próprio canchin, desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), foi testado na região. O doutor em História, Marco Antonio Stancik, revela que também era prioridade a criação de cavalos de guerra para o Exército.

José Rodrigues Pereira, 71 anos, assistiu aos últimos 40 anos de história da fazenda-modelo. Largou o emprego de medição de estrada de ferro para se incorporar à fazenda e "não andar mais de ônibus". A fazenda chegou a ter uma vila de 30 famílias, com direito a bailes animados nos fins de semana, relata. Segundo Pereira, na lida diária eram usados dois tratores a querosene e cinco carros de boi.

Desde 1980, o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) é que responde pela administração da fazenda. Já naquela época, começou a experimentação de cruza entre mestiços em busca de uma espécie composta. O alto potencial de ganho de peso do charolês, a rusticidade do caracu e do canchin e a qualidade da carne do aberdeen-angus são encontrados no purunã, a primeira raça paranaense.

Os pesquisadores são só elogios, mas sabem que ainda têm desafios a vencer. A alta produção de carne, por exemplo, ainda não bate a da cruza simples de charolês com caracu. "Mas já é bem melhor que a de angus com canchin", diz José Luiz Moletta, administrador e pesquisador.

O registro da raça purunã no Ministério da Agricultura deve levar três anos. Cerca de 40 animais foram distribuídos para produtores de diversas regiões e serão observados.

Outros experimentos, com desdobramentos em nutrição, manejo, sanidade, melhoramento genético e avaliação da qualidade da carne, são desenvolvidos na fazenda-modelo. Um exemplo é a utilização da hemártria como opção de forragem. O pesquisador Sérgio Postiglioni trouxe a espécie dos Estados Unidos e diz que a estrutura da fazenda é melhor que a da maioria das universidades.

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