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Uva sem beneficiamento rende R$14 mil por hectare, mas com suco, vinho e geleia, esse valor se multiplica na região de Palmeira. | Henry Milleo / Gazeta Do Povo
Uva sem beneficiamento rende R$14 mil por hectare, mas com suco, vinho e geleia, esse valor se multiplica na região de Palmeira.| Foto: Henry Milleo / Gazeta Do Povo

A versatilidade da uva está conquistando produtores familiares de Paraná, que reservam parte da propriedade para a instalação de parreirais. Na maioria das vezes, a opção pelo fruto de cacho é uma forma de complementar a renda. Dependendo da tecnologia aplicada, idade do parreiral – o auge da produção ocorre cerca de quatro anos após o plantio das mudas – e da forma de comercialização, é possível alcançar lucro líquido de até R$ 17 mil por hectare, de acordo com o setor.

“O brasileiro consome apenas 25% do recomendado de frutas e hortaliças [400 gramas/dia]. Existe muito espaço no mercado pra o consumo da uva”, aponta o engenheiro agrônomo da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab) Paulo Andrade. De acordo com a Seab, 6,1 mil hectares de parreirais foram colhidos nos últimos meses.De olho neste mercado, o agricultor Altair Rupel, de Palmeira, município dos Campos Gerais, resolveu apostar na cultura. Por meio do projeto “Uva Nossa” coordenado pelo Grupo Vinícola Famiglia Zanlorenzi, dono da marca Vinhos Campo Largo (leia mais nesta página), Rupel abandonou, após 17 anos, o plantio de fumo para instalar, em 2007, um parreiral com 3,3 mil mudas nos fundos da casa.

Desde então, a área de produção de uva dobrou. Hoje são dois hectares que rendem cerca de oito toneladas do fruto – a expectativa é chegar a 15 toneladas dentro de dois anos. Da colheita, Rupel produz suco, vinho e também vende a uva in natura, maneiras de aumentar a renda. Ele lida ainda com eucalipto e gado e parte da área arrendada para soja.

Altair Rupel, de Palmeira, abandonou a fumicultura para cultivar fruta e produzir vinho em casa

 

 

“Vou produzir 4,5 mil garrafas de suco (500 mililitros). É uma forma de agregar valor. Eu estou bem feliz com a uva”, comemora o fruticultor, que tem planos de ampliar o parreiral. A venda do suco deve render R$ 22 mil, além dos ganhos com a venda direta para pessoas e da entrega de parte da produção para vinícola Zanlorenzi.

Assim como Rupel, outros agricultores de Palmeira ingressaram no projeto, que hoje conta com 41 integrantes – no começo eram 14. Segundo o técnico agrícola da prefeitura e responsável pelo programa, Oilson Ferreira Miara, há outra famílias interessadas na uva. “O pessoal escuta do vizinho que a uva está rendendo e quer saber do projeto. A região e o clima são favoráveis para a cultura”, diz.

Até mesmo o atual secretário de Agricultura de Palmeira, Nilton Antônio Wendler, construiu um parreiral na propriedade. A projeção é de que as nove toneladas de uva da atual safra, que termina de ser colhida neste mês, rendam três mil garrafas de vinho e duas mil de suco. Ele investiu R$ 7 mil para compra de maquinário, além de R$ 40 mil para construção de uma fábrica que ficará pronta para a próxima temporada do fruto.

“A uva sem beneficiamento rende R$ 14 mil brutos por hectare, enquanto com beneficiamento chega a dar R$ 25 mil líquidos. Vou beneficiar toda a minha produção”, afirma Wendler.

O Paraná ocupa a quarta colocação na produção nacional de uva atrás do Rio Grande do Sul, São Paulo e Pernambuco. A produção do fruto acontece nas variedades de uva fina, de mesa e, em menor escala, rústicas e com castas europeias para fabricação de vinhos finos.

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