Pato Branco - O Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) lançou na última quinta-feira em Pato Branco uma nova coletânea de mapas dos solos do Paraná. Os 22 mapas que detalham as diferentes regiões do estado foram elaborados pela Embrapa (Florestas/Colombo e Solos/Rio de Janeiro) a pedido do Iapar. O estudo foi apresentado durante abertura da 1ª Reunião Paranaense de Ciência do Solo (RPCS), realizada pelo Núcleo Regional da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, em parceria com a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).
A reedição dos mapas acontece depois de 25 anos sem atualização. Segundo o pesquisador de solos do Iapar Gonçalo Signorelli de Farias, o material é relevante para identificar as potencialidades dos solos em todo estado. "Os mapas podem embasar projetos e planejamentos para qualquer área no Paraná, contribuindo para fins agrossilvopastoris, preservação ambiental, manejo de bacias hidrográficas e usos urbanos e rural", explicou, lembrando que o estudo indica desde a cor, a textura, a composição de grãos, a profundidade e a composição química do solo.
A renovação se faz oportuna, segundo Farias, porque todos os mapas antigos se esgotaram ao longo dos anos, dada a intensa procura. A nova edição atualiza a nomenclatura utilizada nos mapas para identificar os solos de acordo com o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos, adotado oficialmente pelo país em 1999. "Como novidade, a nova edição oferece ao público um número maior de mapas regionais com escala mais detalhada", explica o pesquisador.
No Paraná, o estudo identificou 250 tipos de solos. Apenas numa faixa de cerca de 100 quilômetros no Sudoeste do estado, entre Pato Branco e Realeza, existem pelo menos 10 tipos diferentes. A pedodiversidade (grande variedade de solos em uma determinada região) das terras paranaenses merece atenção especial, pois comporta tanto solos frágeis quanto muito férteis e estáveis.
Os mapas serão comercializados até o final do mês nas unidades do Iapar. No material constam um mapa geral dos solos do Paraná (escala 1:600.000) e 21 mapas regionais (escala 1:250.000), além de um CD e de um livro com a descrição deles.
Sociedade
O presidente da Sociedade de Ciência Brasileira de Solos, Flávio Camargo, que participou do evento de lançamento, defendeu a necessidade de se conhecer mais profundamente o solo no estado. Frisou que a sociedade cientifica do solo é a maior do mundo, contando com 4 mil sócios em mais de 60 anos de criação. "Os encontros são fundamentais para relembrar o trabalho e a luta pela conservação dos solos principalmente em algumas regiões do Paraná, que na década de 1980 tiveram grandes problemas com erosões (Noroeste) até chegar ao período em que o estado se tornou celeiro do Brasil", disse. Ele ressaltou a importância do plantio direto na palha nessse processo. A tecnologia foi difundida a partir da região de Ponta Grossa, no Paraná.
João Alfredo Braida, diretor do Núcleo Paranaense da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo e coordenador do curso de Agronomia da UTFPR no campus de Pato Branco, contou que o Núcleo foi criado em 2007, com primeira diretoria formada em 2008. "O Núcleo é responsável pela realização desses encontros que reúnem professores e pesquisadores de todo estado. Nós discutimos os rumos da ciência do solo e, principalmente, como a sociedade científica pode contribuir com os agricultores e com a sociedade em geral", resumiu.
Histórico
Os trabalhos de levantamento e classificação dos solos do Paraná começaram em 1966, na extinta Comissão de Estudos dos Recursos Naturais Renováveis, entidade pública autônoma mantida pelos governos federal e estadual, e geraram sete mapas regionais na escala 1:300.000, entre 1970 e 1979, e um mapa geral na escala 1:600.000, publicado em 1984.



