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Milho argentino se tornou opção rentável para cobrir déficit pontual das indústrias brasileiras. | CHRISTIAN RIZZI/Gazeta do Povo
Milho argentino se tornou opção rentável para cobrir déficit pontual das indústrias brasileiras.| Foto: CHRISTIAN RIZZI/Gazeta do Povo

Uma produção de 28,2 milhões de toneladas de milho no verão e a perspectiva de colher mais 55,2 milhões na safrinha não foram capazes assegurar a autossuficiência do Brasil no cereal nos primeiros meses de 2016. Pressionado por um volume recorde de exportações em 2015 e preços mais altos do grão em virtude da desvalorização do real perante o dólar, o mercado recorre a vizinhos como a Argentina para garantir o abastecimento.

As aquisições visam administrar problemas de escassez regional, sobretudo em segmentos com alta demanda, como a avicultura, que tem o milho como insumo base para a produção de ração. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) aponta que as empresas do setor já acertaram a compra de mais de 500 mil toneladas do cereal argentino. O presidente da entidade, Francisco Turra, diz que as entregas vão ocorrer nos meses de abril e maio.

Após exportar um recorde de 30 milhões de toneladas de milho em 2015, o Brasil enxugou parte dos estoques internos. A escassez, aliada a alta do dólar, fez os preços médios do produto subirem, viabilizando a compra internacional. “Apesar de não haver problemas de abastecimento nacional, hoje há excedente de milho apenas no Paraná, na Região Centro-Oeste e em algumas áreas de Minas Gerais”, declarou o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, André Nassar. Com o fim das retenciones (impostos) e cotas de exportação na Argentina, o país também possui um volume maior disponível para venda.

“É uma oportunidade para atuarmos na redução dos custos de produção, pois as embarcações chegam por Imbituba (SC), tornando o frete marítimo mais atrativo e contribuindo para um valor final do milho com condições de competir com o valor praticado no mercado interno”, explica o gerente de suprimentos do GTFoods, José Carlos Ferreira Junior. Sediada em Maringá (Norte), a empresa avícola fechou a compra de 90 mil toneladas do grão com previsão de entrega até maio.

A demanda aquecida já é detectada nos portos, em um movimento considerado atípico. “Pela primeira vez em pelo menos 10 anos nós recebemos consulta sobre a possibilidade de importar milho da Argentina. E o porto tem condições de descarregar”, afirma o diretor-presidente do Porto de Paranaguá, Luiz Henrique Dividino. O volume importado já Argentina já é o maior desde 2001, quando foram adquiridas 321 mil toneladas do cereal.

Efeito dominó

A entrada de milho argentino no país também desperta reação do governo federal. A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Kátia Abreu enviou ao Ministério da Fazenda proposta de isenção do PIS/COFINS para a importação do produto. “O preço de paridade de exportação do milho exerce pressão no preço interno que, aliado à dificuldade do setor produtivo de carne em repassar os acréscimos de custos ao consumidor, recrudesce este cenário”, frisou a ministra no pedido apresentado à Fazenda.

Paralelamente, a Câmara Técnica do Conselho Interministerial de Estoques Públicos de Alimentos aprovou a venda de 160 mil toneladas de milho, com o limite mensal de 6 toneladas por produtor. A medida tem foco nos pequenos produtores e visa atender uma reinvindicação oriunda das regiões Sul e Nordeste, que usam o milho na alimentação animal.

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