Há uma indústria milionária, próspera e de alta tecnologia brotando em torno das usinas de cana paranaenses. Esse parque fabril aproveita subprodutos ou resíduos do processo de produção de açúcar e álcool, antes desperdiçados. Segundo estudos, o setor pode produzir uma extensa lista de 700 subprodutos.
O bagaço da cana moída e a vinhaça, até há poucos anos um grave problema ambiental, hoje são fontes de lucro para as usinas. Ricos em potássio e fósforo, a vinhaça também conhecida como vinhoto , os resíduos acumulados nos filtros das máquinas e a fuligem das caldeiras são usados como adubo, nas próprias lavouras de cana. O mais abundante deles é a vinhaça. Para cada litro de álcool produzido, sobram 12 litros desse subproduto, altamente poluente quando despejado nos rios.
No período de safra, que se estende de março a dezembro, todas as usinas produzem a própria energia que consomem, queimando o bagaço em suas caldeiras. Anísio Tormena, presidente da Associação dos Produtores de Álcool e Açúcar do Paraná (Alcopar), revela que o setor já pesquisa, junto com uma indústria da Alemanha, o uso do bagaço na fabricação de MDF, painéis para a construção, hoje feitos de madeira.
Agora, começam a dar um novo passo, para lucrar com a venda do excedente dessa energia ao sistema elétrico brasileiro. A pioneira nessa frente é a unidade do Grupo Santa Terezinha em Tapejara (Noroeste). Desde 31 de maio, a usina fornece ao sistema elétrico integrado nacional cerca de 28,8 megawatts/hora (suficientes para abastecer uma cidade de 40 mil habitantes).
Outras duas usinas a Alto Alegre, de Colorado, e a Usaciga, de Cidade Gaúcha estão investindo em co-geração de energia a partir da biomassa. Na Usina Vale do Ivaí, de São Pedro do Ivaí, já há duas plantas para aproveitamento de resíduos indústriais. A empresa formou a Biotecnologia do Paraná, uma joint-venture com a norte-americana Alltech, que atua na área de nutrição animal. A usina fornece melaço, vapor e energia à fábrica da multinacional. As boas perspectivas do projeto levaram a Alltech a ampliar, de US$ 25 milhões para US$ 40 milhões, os investimentos na planta.
A Vale do Ivaí também criou uma empresa sozinha, a Biovale, que processa leveduras geradas na própria usina e em outras 40 usinas e cervejarias do Paraná, de São Paulo e Mato Grosso do Sul. Até agora, essa matéria-prima era jogada fora, junto com a vinhaça. José Luiz Bernardes, diretor de Produção da Vale do Ivaí, revela que o segmento de outros produtos (que exclui açúcar e álcool) já representa 15% do faturamento da empresa, que deverá atingir R$ 150 milhões em 2006.



