A colheita do trigo chega à reta final com produtividade acima do previsto no Paraná. O rendimento das lavouras está superando as previsões de produtores do Oeste ao Centro-Sul do estado, apurou a Expedição Safra. Lavouras de ponta com média de 3.500 quilos por hectare alcançaram 4.000 quilos/ha nos Campos Gerais.
A boa notícia amplia a renda desses produtores, mas agrava problemas como a falta de espaço nos armazéns e a tendência de queda nos preços pelo excesso de produto no mercado nesta época do ano. Por enquanto, o preço médio de R$ 26, abaixo do mínimo de R$ 28,80, não vem estimulando negócios.
O clima foi muito bom para o trigo neste ano, explica Ricardo Wolter, que vem alcançando 4.000 quilos/ha em Carambeí. A Região dos Campos Gerais sempre supera a média estadual, mas a previsão oficial era de 3.200 quilos/ha. O índice estadual calculado pelo Departamento de Economia Rural (Deral) prevê 2.714 quilos/ha.
Mesmo com um talhão atingido pelo granizo, Hendrik Barkema, de Tibagi, confirma que vai ter um bom rendimento. Ele diz que sua média será de 3.600 quilos/ha. "Um mês e meio atrás, as pedras reduziram a produtividade a 2.500 quilos em parte da plantação. Mas, o clima bom fez com que as outras áreas rendessem 4.000 quilos/ha e compensassem esse prejuízo."
Em Leópolis, Norte Pioneiro, o produtor José Tavares, que já encerrou a colheita, alcançou 3.900 quilos/ha, cerca de 35% a mais que a média de sua região. O trigo do Norte Pioneiro é apontado como o que tem a melhor qualidade no Brasil. A região produz 16% do cereal no Paraná.
A colheita ainda não terminou. Faltam menos de 20% das lavouras. Na região Central, em volta de Guarapuava, ainda há plantações verdes. Essas áreas podem ser afetadas pelo clima. O principal temor dos produtores é o granizo. Daqui três semanas é que o resultado da safra será consolidado. Nos Campos Gerais, região que produz 13% do trigo do estado, a chuva também ameaça a renda dos produtores. É que a umidade pode fazer o amido dos grãos fermentar, reduzindo o valor do produto.
Vender ou armazenar
Os produtores divergem sobre o que fazer com o trigo diante dos preços do mercado. Eles dizem que investem R$ 29 para produzir uma saca de 60 quilos, R$ 2,4 a mais que a cotação média estadual.
Tavares vai manter as 21 mil sacas que colheu armazenadas em sua fazenda pelo tempo que for possível. Ele não tem mais espaço para o milho e a soja, que começam a nascer. Confia que, em 2009, o trigo terá mais valor.
Ricardo Wolter e Hendrik Barkema adotam outra filosofia: querem vender logo. Assim que os moinhos lançarem ofertas razoáveis, devem se desfazer de toda a produção. "Não vale a pena ficar especulando em cima de dívida", avalia Wolker. Ele afirma que, a cada dez anos, consegue lucro no trigo em apenas uma ou duas safras. Assim, planta porque a lavoura funciona como cobertura de inverno e já deixa a terra adubada para a soja.



