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Controle as chamas avançou, mas porto de Santos ainda tem restrição a entrada de caminhões. | Divulgaa§a£o / Corpo De Bombeiros Da Pmes
Controle as chamas avançou, mas porto de Santos ainda tem restrição a entrada de caminhões.| Foto: Divulgaa§a£o / Corpo De Bombeiros Da Pmes

Atualizada em 09/04 (12h00) -- O acesso de caminhões ao porto de Santos será flexibilizado nas próximas noites e madrugadas, com a formação de comboios que passarão por dentro da cidade, aliviando parcialmente um bloqueio aos veículos de carga que já começa a prejudicar os embarques de soja e outros produtos.

Desde segunda-feira (06),  o acesso de caminhões à margem direita do porto, no município de Santos, está restrito devido a um incêndio em um terminal de armazenagem de combustíveis no distrito da Alemoa, ao lado da principal via de acesso na entrada da cidade.

Uma operação inicial já foi realizada nas últimas duas noites, com permissão de passagem de 250 caminhões na segunda-feira e outros 750 na noite de terça-feira. A ideia das autoridades locais é elevar o número na noite desta quarta. "Estamos fazendo uma passagem programada... Sempre tentando aumentar o número", disse o secretário municipal de Assuntos Portuários de Santos, José Eduardo Lopes. A Codesp alerta que a medida tem por objetivo desafogar as áreas de descanso, mas não resultará na normalização das operações.

De maneira geral, os caminhões continuam proibidos de acessar a margem direita do porto, especialmente durante o dia. A interdição está prevista para terminar na sexta-feira, mas a situação é avaliada a cada 12 horas pelas autoridades que trabalham no combate ao incêndio, podendo haver uma liberação antecipada caso o quadro na região melhore.

Prejuízo em cadeia

Grandes empresas exportadoras de soja que operam na margem direita do porto de Santos afirmam não ter mais estoques suficientes para manter o ritmo habitual de embarques. A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) confirmou que há escassez do grão nos armazéns portuários, limitando o carregamento dos navios. "Os estoques do porto não seguram mais os embarques na margem direita", revelou o gerente de economia da entidade, Daniel Furlan Amaral.

"Tem empresas que não está recebendo mercadorias há três ou quatro dias... Algumas estão recebendo apenas 20% do volume total [que costumam receber]", apontou o dirigente. "Significa atrasar carregamento do navio que está atracado no porto", disse uma fonte da área comercial de uma empresa que tem operação portuária em Santos. Por cada dia de atraso no embarque dos navios, os exportadores precisam pagar multa de US$ 15 mil a US$ 20 mil.

Os efeitos se propagam pela cadeia logística instalada no interior do país, aponta o representante da Abiove. "Uma empresa falou para mim que tem mais de mil caminhões parados no caminho [até Santos]. Toda a parte de originação de mercadorias foi parada porque não adianta carregar caminhão e ficar com ele parado na estrada", afirmou, evitando revelar os nomes das empresas.

Alternativas

A maior parte dos terminais graneleiros que ficam no município de Santos (margem direita) depende de caminhões para recebimento de boa parte de suas cargas. Já os terminais da margem esquerda, no município de Guarujá, recebem volumes maiores por meio da ferrovia, sem contar que naquela região não há restrição de acesso de caminhões.

Com base nesse cenário, a Codesp informou que vem mantendo conversações com terminais e concessionárias ferroviárias para tentar reduzir os impactos negativos. Por meio de nota a companhia informou que “duas das alternativas que estão sendo consideradas são o transporte de contêineres em composições ferroviárias e o transbordo de cargas a granel de caminhões para vagões no pátio de Sumaré.”

Ainda assim o apelo aos trens também pode não garantir alívio. Empresas que atuam no porto paulista relataram à Abiove que a velocidade dos trens na região está abaixo do normal, ampliando as dificuldades no abastecimento dos terminais graneleiros. A linha férrea de acesso à margem direita passa a poucas dezenas de metros do local onde ocorre o incêndio.

Açúcar

A operação de terminais de açúcar, no entanto, não tem sido impactada de forma relevante. As duas principais empresas do setor que operam na margem direita de Santos são Copersucar e a Rumo Logística, que transporta principalmente açúcar produzido pela Cosan.

"Em relação aos [terminais] açucareiros, não deverá ter impacto, se o governo mantiver essa decisão [de bloqueio a caminhões] até sexta-feira, porque a maior parte do açúcar chega por trilho. Não deve dar tempo de causar impacto", avaliou o coordenador operacional da agência marítima Unimar, Wellington Martins. A Rumo e a Copersucar informaram que seu recebimento de açúcar nesta quarta-feira por via férrea está normal, mesmo com a redução na velocidade.

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