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Agricultura

Venda de máquinas volta a crescer

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As vendas de máquinas agrícolas devem aumentar 10% em 2013 após um ano de estagnação, conforme a indústria. Com as altas cotações das commodities agrícolas, o setor de maquinário amplia produção para dar conta desse crescimento. A projeção otimista dá novo impulso aos grandes fabricantes, pois a comercialização de tratores e colheitadeiras tende a fechar 2012 sem crescimento em relação ao ano passado.

De acordo com a Associa­­ção Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a estiagem que atingiu algumas regiões brasileiras, principalmente os três estados do Sul, no final do ano passado fez com que os produtores reduzissem os investimentos, resultando na queda das vendas do primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2011. Porém, com os recordes nos preços da soja, os negócios voltaram a crescer nos últimos dois meses, atingindo o patamar do ano passado.

De acordo com os dados da Anfavea, 44 mil máquinas foram comercializadas no mercado doméstico entre janeiro e agosto deste ano, exatamente o mesmo número dos primeiros seis meses de 2011. A projeção é encerrar o ano com 65 mil unidades vendidas, entre tratores e colheitadeiras.

O motivo da retomada é o investimento por parte dos agricultores brasileiros para aumentar a área de plantio na safra 2012/13 após a estiagem que assolou as principais regiões produtoras de grãos nos Estados Unidos. A expectativa é atingir melhores ganhos de produtividade e ocupar o espaço no comércio mundial deixado pelos norte-americanos.

2013

"Para 2013, a perspectivas são positivas e o crescimento deve ficar entre 5% e 10%, pois o Brasil deve virar o maior produtor mundial", projeta Milton Rego, diretor da Anfavea. "Como estão dizendo no Rio Grande do Sul, o agricultor vai plantar soja até em vaso no jardim", afirma. "O preço das commodities e as perdas na safra americana aumentaram o ânimo dos agricultores, que repensaram os investimentos", complementa Luiz Cambuhy, gerente comercial da Valtra.

Com vendas antecipadas de soja e milho por preços lucrativos, muitos produtores já foram as compras. Segundo o presidente da Montana, Gilberto Sancopé, o ambiente é favorável. "Estimo que nossas vendas cresçam entre 15% e 20% no próximo ano", aponta. Uma projeção com base em dados técnicos ainda deve ser formulada. A empresa deve registrar faturamento bruto de R$ 250 milhões neste ano, diante dos R$ 220 milhões de 2011.

O gerente de negócios da Case IH para o Rio Grande do Sul, Silvio Campos, também acredita na retomada do setor em 2013. A projeção está baseada na previsão de clima favorável, com chuvas, o que deve garantir uma boa safra. A empresa aposta no crescimento dos negócios no segmento da agricultura familiar, que representam 10% das vendas de tratores e 20% das colheitadeiras.

"Neste ano, a seca afetou as vendas, mas menos do que se esperava. Na Região Sul, a expectativa era de crise intensa, mas o aumento das cotações das commodities mudou isso", afirma o executivo. Ainda assim, as vendas no Sul fecharam abaixo da média. Porém, o desempenho no restante do país foi bom e compensou essa redução, avalia. "As vendas em 2013 devem recuperar esse terreno perdido no Sul e ampliar um pouco mais o mercado."

Diante da possibilidade real de crescimento dos negócios, as empresas planejam o aumento da produção. Para diretor comercial da New Holland, Luiz Feijó, é preciso afinar os contratos com os parceiros para garantir o fornecimento de peças.

"Como participamos de uma cadeia, é preciso alinhar com os fornecedores. Mas acredito que não deve faltar matéria-prima e a capacidade de produção poderá ser ampliada conforme demanda do mercado", afirma.

Programas perdem ritmo, mas mantêm papel importante

65 mil máquinas agrícolas devem ser vendidas no Brasil em 2012. Com aumento de 10%, esse número deve passar de 70 mil no ano que vem, pela primeira vez na história. De janeiro até agora, as vendas somaram 44 mil unidades, o que equivale à mesma quantidade registrada nesse período do ano passado. Porém como o ano começou com forte retração nas vendas no Sul, devido à seca, um empate é visto como sinal de retomada. Por isso, as indústrias projetam crescimento contínuo, dependendo, é claro, dos resultados da safra de grãos em 2012/13.

A venda de máquinas agrícolas por meio dos programas governamentais representa uma parcela importante do faturamento da indústria do setor. Os agricultores aproveitam a facilidade de crédito para renovar as frotas de tratores e colheitadeiras. Porém, após alguns anos disponíveis no mercado, os programas perderam força e registram retração na demanda.

"O ritmo diminuiu. Para retomar, o governo precisa difundir os programas em outras regiões como Centro-Oeste e o Nordeste, que estão registrando um crescimento significativo [na produção] e não estão concentradas nos mercados tradicionais", diz Milton Rego, diretor da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). "Os programas do governo criam um impulso a mais", aponta o presidente da Montana, Gilberto Sancopé.

O auge da venda de maquinário no Brasil, registrado nos últimos anos, coincide com o lançamento dos programas governamentais Trator Solidário, no Paraná, e Mais Alimentos, em âmbito nacional. As vendas teriam crescido particularmente no Sul – por conta da vocação agrícola, a região representa cerca de 40% dos negócios relacionados a maquinário utilizado no campo.

O Trator Solidário, implantado em outubro de 2007 e paralisado em dezembro de 2010, possibilitou o financiamento de 6.452 tratores no período, renovando 22,9% da frota de tratores no estado. Desde que foi resgatado, em agosto do ano passado, mais 802 máquinas teriam sido financiadas. Diante do bom momento da agricultura no Paraná em 2012/13, a expectativa é de comercializar mais 250 unidades até o final deste ano.

O programa Mais Alimen­­tos, linha de crédito do Pronaf, foi lançado pelo governo federal na safra 2008/09. Ao longo dos anos, o Ministério do Desenvolvimento Agrário tem registrado pequeno aumento na tomada de crédito. Foram R$ 2,8 bilhões na safra 2010/11, contra R$ 3,2 bilhões na safra passada, avanço de 15%. A projeção é de R$ 3,5 bilhões para safra 2012/13 – menos de 10% de crescimento.

Outra opção é o Progra­­ma de Sustentação do Investi­­mento (PSI), que teve os juros da linha de crédito para máquinas reduzidos de 5,5% para 2,5% ao ano. "A mudança foi muito favorável. Era o empurrão que faltava para o agricultor que estava em dúvida", enaltece Luiz Cambuhy, gerente comercial da Valtra.

Porém, essa taxa será modificada no final do ano, podendo gerar contratempos no momento da colheita. "Dezembro começa a colheita, momento especial para venda de colheitadeiras. A mudança da taxa vai criar um problemão", afirma Rego.

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