Nossa meta é chegar a 1.800 vacas até 2019. Mas queremos ser os mais eficientes, e não os maiores.
Pressionada pela redução nos preços e pelo aumento nos custos, a pecuária leiteira se reinventa para garantir viabilidade no longo prazo. Uma nova aposta dá origem a condomínios de fazendas nos Campos Gerais, que oferecem redução de gastos e ganho de escala. A cadeia produtiva se vale da integração entre unidades vizinhas para se manter competitiva.
Dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), vinculado à Universidade de São Paulo (USP), apontam que desde março de 2014 os custos de produção do leite subiram 9,78% no Paraná e 7,13% no Brasil. O índice leva em conta gastos como alimentação do rebanho, despesas de mão de obra e depreciação da infraestrutura. Como agravante, o preço médio pago ao produtor despencou 12,3% nos últimos 12 meses no estado.
Na visão de produtores e especialistas, o quadro só pode ser contornado com ganho de escala. “É preciso investir na propriedade. Trazer equipamentos e genética de ponta e melhorar a infraestrutura. Até porque as fazendas têm limitação de espaço, já que o preço da terra subiu muito”, contextualiza Mauro Sérgio Souza, gerente de pecuária da cooperativa Batavo, em Carambeí, nos Campos Gerais.
Justamente para garantir investimentos de peso e diluição de riscos é que associados da cooperativa decidiram formar condomínios leiteiros. É o caso da fazenda MelkStad – cidade do leite, em holandês –, que concentra em 18 hectares uma estrutura de ponta para o manejo e a ordenha de 600 vacas. O grande diferencial da propriedade é o carrossel de ordenha, que reduz em 30% os custos com mão de obra
O modelo foi inspirado em fazendas dos Estados Unidos e foi financiado por seis sócios, dentre os quais o presidente da Batavo, Renato Greidanus. Conforme o zootecnista Diogo Vriesman, que ajudou a idealizar o projeto, a operação em conjunto dilui custos fixos e amplia a produtividade dos trabalhadores. “Como o volume de leite entregue para a cooperativa também é maior, conseguimos um bônus ”, detalha. Só com a escala de entrega, a remuneração sobe 2 centavos por litro, atingindo receita média de R$ 1,10/litro.
O sistema gera curiosidade, mas teve sua eficiência posta em xeque. “No começo ouvíamos piadas, o pessoal dizia que era muito sócio para pouco leite. Agora, muitos estão nos procurando para entender mais detalhes do sistema”, conta. Há na região uma estrutura semelhante, vinculada à Cooperativa Witmarsum. No resto do país só existe o uso do sistema com tecnologias mais antigas.
Vriesman revela que os planos são de continuar crescendo. “O investimento vai levar entre 10 e 12 anos para se pagar. Quanto mais rápido expandir [o condomínio] melhor”, diz. A meta é triplicar o número de vacas até 2019, chegando a 1.800 animais. Para isso será necessário contratar apenas oito novos funcionários – hoje a estrutura exige 17 trabalhadores. “Queremos ser os mais eficientes, e não os maiores.”



