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Integração dos três estados depende de avanços na questão de sanidade, indicam os especialistas. | Ivonaldo Alexandre / Gazeta Do Povo
Integração dos três estados depende de avanços na questão de sanidade, indicam os especialistas.| Foto: Ivonaldo Alexandre / Gazeta Do Povo
  • Secretários de agricultura de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná firmaram compromisso ontem, durante a 37ª Expointer.
  • Secretários de agricultura de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná firmaram compromisso ontem, durante a 37ª Expointer.

ESTEIO (RS) -- O Sul do Brasil quer ser “um só player” na pecuária leiteira a partir do ano que vem. Os governos de Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul anunciaram nesta terça-feira (2) a criação de um fórum permanente para elaborar políticas públicas em conjunto. Para desenvolver a atividade na região, que está concentrada em pequenas e médias propriedades, os três estados pretendem compartilhar experiências e as práticas que funcionam em uma federação devem ser adotadas como modelo e se tornar regras para os demais aliados.

O convênio, que cria a Aliança Láctea Sul Brasileira, foi anunciado durante a 37ª Expointer, uma das maiores feiras agropecuárias da América Latina, que segue até domingo (7) em Esteio (RS). A ideia da cooperação é aproximar entidades públicas de pesquisa, extensão rural e produtores das indústrias que atuam no segmento e tentar desatar os nós, especialmente sanitários.

Um estudo apresentado pelos representantes sulistas indica que a produção do bloco tem potencial para chegar a 19 bilhões de litros até 2020. Hoje, paranaenses, catarinenses e gaúchos coletam 11 bilhões de litros ao ano. O consumo doméstico, por sua vez, se continuar no mesmo ritmo de crescimento observado entre 2000 e 2012, pode crescer a 190 litros por habitante/ano, contra 171 litros que são consumidos atualmente. Se a projeção de produção for alcançada, sobrariam cerca de 5 bilhões de litros para serem negociados no mercado internacional, avalia Ronei Volpi, presidente da comissão de leite da Federação da Agricultura do Paraná (Faep), responsável pela apresentação dos dados.

Secretários de agricultura de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná firmaram compromisso ontem, durante a 37ª Expointer.

DesafioMas há muito que se fazer para a aliança ter resultados práticos, reconhecem os próprios governos estaduais. Os problemas de sanidade dos rebanhos, a fiscalização e inspeção estão entre os primeiros pontos a serem atacados pelo grupo. Além disso, o bloco quer trabalhar para que haja maior transparência em toda a cadeia. “Combinar com a indústria para que ela revele de quem está comprando o leite é um primeiro passo para disseminarmos um sistema de cadastramento de produtores de ponta. É preciso que se pague mais pelo produto de qualidade e qualquer centavo a mais por litro faz muita diferença”, avalia o secretário de Agricultura e Abastecimento do Paraná, Norberto Ortigara.

O estado, que tem mais de 100 mil propriedades envolvidas com a produção de leite, é o primeiro a coordenar os trabalhos da aliança láctea no próximo ano. De acordo com Ortigara, entre as lições de casa a serem feitas está a renovação da exigência de exames de brucelose e tuberculose, doenças que têm atingido o rebanho estadual. “Estamos numa fase de identificação e sacrifício de animais positivos para a doença”, revela.

Para o secretário de Agricultura do Rio Grande do Sul, Claudio Fioreze, a união da região deve facilitar o pleito de recursos dos três estados para programas específicos da cadeia leiteira, incluindo assistência técnica para fiscalização sanitária e até mesmo subsídio para energia elétrica. “Não podemos competir entre nós. Temos tudo para padronizar, temos disposição, vontade de dialogar e fazer o progresso da cadeia”, disse.

Santa Catarina, único com status de área livre da aftosa sem vacinação no país, acredita que a saída é “terceirizar” o serviço de inspeção sanitária. “Não deve ser só o governo que fiscaliza ou garante qualidade, isso deve partir de todo o setor. Hoje, nossa empresa de defesa agropecuária não coloca mais seus fiscais dentro da indústria. Nós credenciamos veterinários privados a fazer o trabalho sob auditoria do governo. É assim que funciona nos países desenvolvidos. E quando a indústria pisar fora da linha, a punição tem que ser rigorosa. Esse modelo funciona e precisa ser implantado em toda a região”, sentencia o secretário da Agricultura e Pesca do estado vizinho, Airton Spies.

Agenda

Os governos, federações de agricultura e trabalhadores, agências de defesa, empresas de assistência técnica e extensão rural de Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul prometem construir uma agenda de trabalho e definir as prioridades da aliança em uma reunião que será realizada ainda este mês. Ao todo, 300 mil produtores de leite devem ser envolvidos pela cooperação técnica e política.

O jornalista faz a cobertura da 37ª Expointer a convite da Gerdau.

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