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Faz em sucesso no exterior alguns cortes especiais do frango: filé de pescoço, cartilagem de joelho, patas e pés de galinha | Albari Rosa/Gazeta do Povo
Faz em sucesso no exterior alguns cortes especiais do frango: filé de pescoço, cartilagem de joelho, patas e pés de galinha| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Para sorte do Brasil, consumidores chineses, árabes e europeus não têm os mesmos gostos e opiniões sobre qual é a parte mais saborosa do frango. As inusitadas preferências gastronômicas de nossos clientes – filé de pescoço, cartilagem de joelho, patas e pés de galinha - permitem agregar um valor significativo, e em dólar, a cortes que dentro do país não têm nem mercado nem apelo.

O filezinho de pescoço, por exemplo, corresponde ao mignon do frango para os japoneses. Cada filé pesa entre 15 e 20 gramas. Isso exige que pelo menos 50 aves passem pela linha de produção até que se obtenha um quilo do produto. Vale a pena, diz a indústria, porque a dita “carne de pescoço”, sem valor por aqui, alcança preços elevados lá fora, em dólar. Por questões estratégicas, os empresários não revelam por quanto vendem o quilo do filezinho de pescoço. Dá para ter uma ideia comparando com o preço do meio da asinha exportado para o Japão, que chega a US$ 4 mil por tonelada, enquanto o peito de frango alcança cerca de US$ 3,3 mil a tonelada.

O abatedouro da Frangos Pioneiro em Joaquim Távora, no Norte Pioneiro paranaense, escala 16 pessoas em cada turno de trabalho só para retirar cortes especiais, a pedido dos importadores. “Se fosse uma planta automatizada, usaríamos apenas 40% da mão de obra atual, mas preferimos fazer um trabalho diferente, desenvolvido junto com os clientes e numa estratégia que não é acessível a todos”, diz Paulo Cesar Thibes, sócio-diretor da empresa.

Os japoneses, particularmente, preferem saborear pedacinhos do frango que, para outras culturas, podem passar despercebidos e até virar sobra no prato. Um exemplo é o “Yagen”, que reúne cortes da cartilagem do peito e de uma membrana da sobrecoxa. Outro produto de alto valor agregado é a cartilagem do joelho do frango, destinada à indústria de cosméticos. Já experimentou o “kakugini”? Esse é mais simples, trata-se da carne da coxa e sobrecoxa cortada em cubinhos.

Os clientes chineses, em contrapartida, costumam arrebatar a maior parte dos lotes de pés de galinha, que entram no país via Hong-Kong. Os árabes preferem o “shawarma” – não confundir com o sanduíche homônimo de carnes enroladas em um espeto vertical -, que consiste em uma peça única e desossada de peito, coxa e sobrecoxa.

Em meio a tantas idiossincrasias gastronômicas, tem uma parte do frango que é quase unanimidade, apreciada no Brasil e nos 160 países para onde exportamos nossas galináceas: ganha um filezinho de pescoço quem respondeu peito de frango.

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