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Frango brasileiro nunca “apanhou” tanto em tão pouco espaço de tempo

Carne Fraca, embargo europeu, sobretaxa da China, exigências da Arábia, greve dos caminhoneiros: contra inferno astral, cooperativas aprimoram gestão e eficiência

Brasil é o maior exportador de carne de frango do mundo | Daniel Caron/Gazeta do Povo
Brasil é o maior exportador de carne de frango do mundo (Foto: Daniel Caron/Gazeta do Povo)

Ao longo da última década, a produção brasileira de frango cresceu 60% e ganhou o mundo. De 2007 a 2017, as exportações dobraram em volume, receita e mercados. Poucos setores tiveram uma trajetória tão bem sucedida como a avicultura nacional, que ano passado produziu 13,1 milhões de toneladas e exportou 4,3 milhões de toneladas para mais de 140 mercados.

No entanto, mesmo com taxas de crescimento acima de outros setores da economia, a avicultura brasileira também sofreu com tensões e conjunturas desfavoráveis nos últimos dez anos. As coisas começaram a se complicar em 2016, quando o preço do milho – que representa 70% do custo de produção do frango – atingiu o maior patamar da história. Mesmo assim, o setor deu a volta por cima.

Neste ano, as crises se acumularam: economia desaquecida, operações da Polícia Federal, perda de credibilidade no mercado internacional, fechamento da União Europeia, taxação da China, problemas com a Arábia Saudita e a greve dos caminhoneiros. “Nós tivemos crises sucessivas em um curto período de tempo. Juntas, elas formam um dos piores cenários que avicultura brasileira já viu”, diz o médico veterinário Eduardo Leffer, gerente do Fomento de Frangos da Cooperativa Agroindustrial de Cascavel (Coopavel).

Segundo Leffer, a conjuntura provocou excesso de produto no mercado interno, aumento no custo de produção e esfacelamento das margens de lucro. “Em maio, nós registramos o terceiro maior custo de produção da história. A baixa nas exportações também provou queda nas margens em 3%. Pode parecer pouco, mas numa empresa como a nossa, isso representa entre R$ 1 milhão e R$ 1,5 milhão”, conta.

Para piorar, o intervalo entre os episódios negativos aconteceram em intervalos pequenos. “Quando falamos na cadeia de frango, trabalhamos com ciclos curtos, de 60 dias. É o prazo que usamos para formular nosso planejamento. Com tantos entraves, o tempo de reação ficou ainda mais apertado”, revela. Durante a greve dos caminhoneiros, por exemplo, a Coopavel suspendeu o abate de frangos. E os animais, que antes eram abatidos com 45 dias, ficaram mais 15 dias engordando nas granjas, aumentando os gastos com ração.

Dilvo Grolli, diretor-presidente do Conselho de Administração da Coopavel conta que metade da produção é exportada e a outra parte é direcionada ao mercado local. Embora não se manifeste sobre as perspectivas de resultado para 2018, ele conta que a cooperativa não demitiu funcionários neste ano e não pretende. A Coopavel abate atualmente 180 mil frangos por dia, 100 mil abaixo da capacidade máxima.

Reação e planejamento

A situação pode ser ruim, mas há maneiras de contornar os problemas e amenizar os impactos. Segundo Leffer, gestão de custo e gestão de eficiência são os melhores caminhos. “Nós diminuímos a densidade de alguns aviários, o alojamento, e esperamos ter os abates normalizados em agosto”, conta. Atualmente, 360 granjas fornecem frango para o frigorífico da cooperativa. Nenhum foi desativado.

O gerente do abatedouro de frangos da C.Vale, Neivaldo Burin, conta que a cooperativa de Palotina está com planos de crescer neste ano, mas eles foram temporariamente alterados. “Nós tínhamos planos de aumentar o abate e a produção de frangos neste ano, mas isso teve que ser deixado de lado. O momento agora é trabalhar bem, com eficiência, para superar essa crise, que não é a primeira pela qual passamos”.

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