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Aviário Santo Antônio (ASA), em Nepomuceno (MG) tem  um plantel de 1,5 milhão de poedeiras e 400 mil codornas | Daniel Caron/Gazeta do Povo
Aviário Santo Antônio (ASA), em Nepomuceno (MG) tem um plantel de 1,5 milhão de poedeiras e 400 mil codornas| Foto: Daniel Caron/Gazeta do Povo

O consumo de ovos no Brasil alcançou em 2017 a marca de 192 unidades por pessoa, um recorde. São 60 ovos per cápita a mais que dez anos atrás. Não é difícil entender o motivo. Nutritivo, barato e simples de preparar, o ovo derrubou muitos mitos ao longo dos anos, principalmente o que relacionava a proteína ao aumento do colesterol.

Mas não foi só isso. Com o tempo, muitas empresas brasileiras enxergaram na proteína uma oportunidade de negócio muito maior do que apenas o ovo branco ou vermelho vendido em caixas no atacado. É possível criar 10, 20, 30 produtos diferentes a partir desta matéria-prima. Alguns exemplos são os ovos pasteurizados, desidratados, orgânicos, de codorna, caipira, albumina, omeletes prontos.

Saiba mais: Mercado brasileiro de ovos atinge 40 bilhões de unidades

Criado há 50 anos, o Aviário Santo Antônio (ASA), em Nepomuceno, no Sul de Minas Gerais, tem investido cada vez mais em diversificação. A empresa foi a primeira do estado a processar ovos. Com um plantel de 1,5 milhão de poedeiras e 400 mil codornas, o Aviário Santo Antônio tem uma produção diária de 1 milhão de ovos. Deste volume, 20% vão para indústria, de onde saem 23 produtos.

“Começou em 68, com cinco famílias que vendiam frango para Belo Horizonte. Eram 40 mil galinhas. Mas diferente de outras granjas que foi crescendo na quantidade de aves, aqui nós apostamos e trabalhamos na diversificação e na inovação, na criação de novos produtos”, conta o diretor de produção do ASA, Benedito Lemos de Oliveira, que há 42 anos trabalha na empresa.

O carro-chefe da empresa ainda são os ovos in natura, a maioria produzida por poedeiras em gaiolas, que são comercializados em Belo Horizonte. Toda produção é 100% automatizada. Os ovos também são identificados na casca com a marca da empresa e o número do lote, para garantir a rastreabilidade.

Poedeira do Aviário Santo Antonio, em Minas Gerais Daniel Caron/Gazeta do Povo

No entanto, aos poucos, ao longo da história, outros tipos de ovos foram sendo produzidos. “Investimos em galinhas caipiras, em aves soltas, livre de gaiolas, em ovos de codorna, ovos enriquecidos com ômega 3, ovos grandes, ovos orgânicos, sempre com o objetivo de atingir todos os mercados, inclusive o exterior”, revela Oliveira.

Atualmente, 40 mil ovos são produzidos por galinhas soltas, chamada de galinha feliz. Elas ficam soltas em um pasto, onde consomem uma ração enriquecida com produtos orgânicos plantados na própria granja.

Outra estratégia da empresa foi apostar em atividades complementares a avicultura de postura. “Diversificação com complementariedade. Como o café, que consome o esterco das aves. A produção de milho, para atender a demanda por ração. E evoluímos aos poucos para soja e trigo também”, diz. A empresa tem uma fazenda de 1.800 hectares na região. O café produzido também é comercializado.

A diversificação de ovos in natura começou no fim da década de 1970. A fazenda foi criada em 1984 e a indústria foi criada em 1998. A empresa emprega 780 funcionários. Toda produção é do Aviário Santo Antônio, não há associados ou cooperados.

Mercado

Em 2017, a produção de ovos no Brasil foi de 40 bilhões de unidades. Minas Gerais representa 13% da produção nacional e a previsão para este ano para o Brasil e o estado é de um crescimento de 5 a 6%. “O setor precisa se unir mais. Precisamos de campanhas unificadas para aumentar o consumo desta proteína, que já mostrou o quanto é nutritiva e saudável. Precisamos aumentar o consumo per capita”, diz o diretor comercial do Aviário, André Rodrigues Paixão.

Segundo Paixão, a indústria foi uma das cinco primeiras do país. “Achávamos e achamos que esse era e é o mercado do futuro. Se você parar pensar, o brasileiro come ovo todos os dias, mas quantas pessoas fritam um todo dia? Dá para contar nos dedos. Você come no macarrão, na maionese, no pão de queijo, todas com ovo. E essas indústrias passaram a demandar mais esse produto com valor agregado”, conta.

A industrialização também abriu as portas para o exterior. “Nós exportamos para África do Sul, Emirados Árabes, seja em pó ou líquido. E eles vêm os nossos produtos com bons olhos. O mercado internacional valoriza muito. No Brasil, ele ainda engatinha”, afirma.

Em relação ao mercado interno, Rodrigues diz que o ano passado foi muito bom para atividade, mas houve um excesso no alojamento de aves no primeiro semestre e o desempenho não deve se repetir. “Temos muito ovo no mercado, e não há uma estratégia para escoar, nem mercado externo, nem interno. E os preços não estão bons. Tem estados em que os custos de produção são menores, mas o preço da matéria-prima é o mesmo, e isso prejudica o setor”.

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