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José Nicolau Ludwig estende a mão para sentir a chuva em Abelardo Luz. Clima úmido prevaleceu durante todo o mês de novembro. | André Rodrigues/Gazeta do Povo
José Nicolau Ludwig estende a mão para sentir a chuva em Abelardo Luz. Clima úmido prevaleceu durante todo o mês de novembro.| Foto: André Rodrigues/Gazeta do Povo

Apesar das chuvas intensas, Santa Catarina avança para os 10% finais do plantio de soja e deve cultivar 600 mil hectares em 2015/16 – 30 mil hectares a mais do que em 2014/15, apurou a Expedição Safra em viagem pelo Sul do país. Isso significa não só que a produção da oleaginosa cresce novamente em solo catarinense, mas também que o estado reduz o cultivo de milho, matéria-prima do maior polo industrial de carnes do país, o da região Oeste.

  • Como chove todo dia, Rio Chapecó solta a voz no Oeste de Santa Catarina. Na foto, cachoeira em Abelardo Luz.
  • O produtor José Nicolau Ludwig deixou de plantar milho depois de 25 anos apostando na cultura. Ele conta que se rendeu à lucratividade maior da soja.
  • Adrelino Domingos Cionte recebe cuia de chimarrão de José Nicolau Ludwig em dia de chuva. Clima atrapalhou, mas não impediu conclusão do plantio da soja.
  • Gerente comercial da cooperativa Cooperalfa na região de Abelardo Luz conta que, em três anos, soja avançou de 35 mil para 40 mil hectares.
  • José Nicolau e sua esposa Telma arrematam decoração da árvore de Natal. Enfeites têm 15 anos e ainda estão perfeitos.
  • Dia de chuva é hora de afiar ferramentas no Oeste catarinense. Adrelino Domingos Cionte afia enxada segurando-a pelo cabo.

O milho, praticamente 100% plantado, perde 20 mil hectares, passando de 450 mil para 430 mil hectares, na avaliação da Expedição Safra. Depois de anos seguidos de redução na área do milho, Santa Catarina deve ter colheita limitada a 3 milhões de toneladas do cereal. E esse volume depende de boa produtividade, num ano de chuvas intensas.

A expansão de 5% na área da soja e o recuo de 4,5% na do milho remetem a uma tendência nacional, mas no caso particular de Santa Catarina apontam que o estado compra um volume cada vez maior do cereal de outras regiões para abastecer suas indústrias de carne e também de leite. O déficit entre consumo e produção deve chegar a 2,5 milhões de toneladas de milho em 2015/16.

A colheita do cereal deve ficar pouco abaixo da registrada dez anos atrás, que foi de 3,2 milhões de toneladas. Nesse período, a produção nacional cresceu 90%, com forte contribuição da safra de inverno, que não ganha espaço em Santa Catarina por razões climáticas.

O consumo de milho catarinense, em caminho oposto, passou de 4,8 milhões para 5,5 milhões de toneladas em uma década, refletindo estruturação das cadeias das carnes de suínos e aves.

O motivo é simples: a rentabilidade da oleaginosa é bem maior que ao cereal. Com uma saca de soja, compra-se 2,6 de milho. Historicamente a proporção era de uma por duas. E os custos seguem aumentando nas duas culturas.

“Em 25 anos de agricultura, esta é a primeira vez que não planto milho”, disse o produtor José Nicolau Ludwig, de Abelardo Luz. Ele dedica 115 hectares à soja e espera produtividade de 75 sacas por hectare, uma das maiores do país.

Na região de Abelardo Luz, onde todos achavam que não havia mais tanto espaço para a soja se expandir, o plantio avançou “de 35 mil para 40 mil hectares nos últimos três anos”, avalia o gerente comercial local da cooperativa Cooperalfa, Dirceu Debastiani.

O agronegócio catarinense segue tendência nacional. O país amplia produção de milho – houve expansão de 90% na última década, para mais de 80 milhões de toneladas ao ano – concentrando o cultivo na safra de inverno. Nesta estação, é muito frio em Santa Catarina para se plantar o cereal. O fato de o estado importar mais milho da vizinhança amplia o uso de estradas e caminhões.

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