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Ainda é cedo para conclusões, afinal, apenas 5% da área foi colhida, mas sobram queixas dos produtores. | Pedro Serápio/Gazeta do Povo
Ainda é cedo para conclusões, afinal, apenas 5% da área foi colhida, mas sobram queixas dos produtores.| Foto: Pedro Serápio/Gazeta do Povo

A irregularidade nas chuvas provocada pelo fenômeno climático La Niña, na região de Maringá, cobra o seu preço conforme avançam as colheitadeiras pelo campo. Ainda é cedo para tirar uma conclusão geral sobre os resultados, afinal, apenas 5% dos cerca de 100 mil hectares cultivados com soja já foram colhidos. Mas sobram queixas dos produtores. Enquanto em alguns talhões a produtividade chega a 60 sacas por hectare, a poucos quilômetros, as máquinas não tiram nem mesmo 20 sc/ha.

Dirceu Lazarin: “Pegamos uma seca em novembro. A sorte foi que as plantas estavam pequenas, porque se estivessem enchendo grão eu tinha perdido tudo”.Pedro Serápio

Na beira de uma lavoura de soja no distrito de Água Boa, no município de Paiçandu (a 30 km de Maringá), Dirceu Lazarin, tirava cabisbaixo pedregulhos que caíram da estrada. O talhão de 15 ha em que estava, prestes a ser colhido, não se desenvolveu como ele gostaria. “Pegamos uma seca em novembro. A sorte foi que as plantas estavam pequenas, porque se estivessem enchendo grão eu tinha perdido tudo”, lamenta. “Agora, para ajudar, pegamos uns dias seguidos de chuva e deu mais uma quebra com os ‘ardidos’ [grãos que, depois de secos, se não forem colhidos logo, começam a estragar]”, completa, numa situação semelhante à observada pela Expedição Safra em Mato Grosso do Sul.

  • “Um estranho no ninho”.
  • Equipe de técnicos e jornalistas visitou o Sindicato Rural de Maringá.
  • Da esquerda para direita: Antonio Molonha, produtor rural; Marco Bruschi Neto, produtor rural; José Antonio Borghi, Presidente do Sindicato Rural de Maringá; Antonio Senkovski , jornalusta do Agronegócio Gazeta do Povo; e Carlos Oshiro, consultor da INTL FCStone.

No caso de Dirceu, ainda há uma esperança. Ele plantou apenas esse talhão “no cedo”, como dizem os produtores. Em outros 80 ha, em Maringá, a soja foi semeada mais tarde e não sofreu tanto com a estiagem. “Agora é torcer para que o clima corra bem para essa área, já que os preços também não estão muito competitivos.” No ano passado, ele conseguiu vender a soja a R$ 80 a saca e esse ano está começando a fixar por R$ 65. Lazarin não fez venda antecipada.

Para o presidente do Sindicato Rural de Maringá, José Antonio Borghi, a média de produtividade na região vai fechar em torno de 44 sc/ha.Pedro Serápio

José Antonio Borghi, presidente do Sindicato Rural de Maringá – que abrange as cidades de Floresta, Itambé e Paiçandu – conta que nesta temporada a irregularidade é uma regra para a região. “Nós tivemos notícia aqui em municípios da região de produtor colhendo 14 por hectare, enquanto outros estão com a produtividade normal da região [de cerca de 64 sc/ha]”, diz. No entanto, ele também alerta que essa é uma realidade que não deve se repetir em todas as lavouras, pois há muita gente com soja verde no campo. “Acreditamos que a média na região vá fechar em torno de 44 sc/ha”, projeta.

Uma safra de “contrastes parecidos”

A apenas 12 km da lavoura de Dirceu Lazarin, no município de Doutor Camargo, o agricultor João Batista Versari estava colhendo uma área de 70 ha, que deve ser o melhor dos seus talhões (produtividade em torno de 45 sc/ha). Ele cultiva 725 ha. Mas se engana quem pensa que o resultado é motivo para comemorar, porque a produtividade dos outros talhões deve beirar a casa das 20 sc/ha. No ano passado ele colheu de média geral 66 sc/ha e, nesse ano, espera colher a metade disso. “A produtividade vai cair muito porque pegamos a estiagem de novembro em cheio. Vou apostar tudo na safrinha de milho, com a soja já sei que lucro eu não vou ter”, revela Versari.

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