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| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

No primeiro dia do roteiro pelo Paraná, a Expedição Safra encontrou produtores correndo contra o tempo nos Campos Gerais. A pressa era para aproveitar o sol, que voltou no domingo (21), depois de uma semana de chuva. As colheitadeiras tiram o que resta do trigo, enquanto as plantadeiras semeiam a soja.

O plantio de soja começou entre o fim de setembro e o início de outubro nos Campos Gerais, que atrás do Oeste e do Noroeste, é a terceira região que mais produz oleaginosa no estado. “Aqui na região, o plantio ganha ritmo a partir do dia 20 de outubro”, diz o presidente do Sindicato Rural de Ponta Grossa, Gustavo Ribas. De acordo com dados do Departamento de Economia Rural (Deral) do Paraná, apenas 20% dos quase 600 mil hectares de soja da região foram semeados. No estado, o plantio já ultrapassa os 50%. “Alguns produtores de Tibagi, com um clima um pouco mais quente, plantaram antes. Mas em Ponta Grossa, a soja é plantada um pouco mais tarde. Eu mesmo estou com a programação da soja convencional um pouco atrasada. A transgênica está dentro do cronograma”, complementa.

Segundo Ribas, a expectativa para região é de safra cheia. “O clima deve colaborar”. O presidente da Associação dos Engenheiros Agrônomos dos Campos Gerais, Rulian Berger, observa que a chuva abundante não trouxe apenas benefícios. Algumas plantas vão ter atraso de desenvolvimento. “Aproximadamente 5% da soja plantada deve ter sofrido o impacto das chuvas”. Mesmo assim, Berger acredita que a região terá uma safra cheia. “Mesmo se houver um ou outra perda em produtividade, o aumento de área vai compensar os danos”, assinala.

O produtor Luiz Alberto Mendes concorda. Com 170 hectares de soja em Ponta Grossa, ele espera repetir o mesmo desempenho do ano passado: 70 sacas por hectare. “Se conseguir o mesmo está bom. Mas o investimento é para mais”, conta. Na lavoura dele, o plantio começou no fim de semana. “Estamos apostando em boas chuvas”, torce.

Nas contas de Mendes, o custo de produção aumentou neste ano, por causa do dólar. Ele conta que os insumos e defensivos foram comprados com o câmbio acima dos R$ 4. “Por isso não fiz nenhum contrato antecipado neste ano. Vou esperar por preços melhores. Mas acima de R$ 85 a saca, é possível ter lucro”, diz. “Os custos aumentaram entre 15% a 20%, em média. Muita gente comprou os insumos com o dólar elevado. E agora, na hora de vender a soja, o preço está caindo. Eu fiz vendas no mercado futuro acima de R$ 90 por saca, hoje o mercado futuro está em R$ 77. Uma diferença brutal”, diz Gustavo Ribas, que neste ano está plantando 600 hectares de soja.

Em Castro, produtores cooperados da Castrolanda, ampliaram 3% a área dedicada a oleaginosa. Dos 115 mil hectares disponíveis, a soja vai ocupar 75%, contra 18% do milho e apenas 7% do feijão. “É um reflexo da estabilidade econômica da soja, que tem garantido bons preços nos últimos anos”, diz o engenheiro agrônomo Hendrik Strijker, que trabalha na cooperativa. “Na parte dos insumos, os preços se mantiveram. Os defensivos aumentaram um pouco. Muitos produtores fecharam contrato futuro, com medo da instabilidade do dólar”, conta.

Valor agregado

A soja convencional vem ganhando espaço, conta o engenheiro agrônomo Jackson Pereira, da Sementes Castrolanda. “Aqui na região da Castrolanda, a soja 284, convencional da Embrapa, é o carro-chefe. É uma cultivar que entrega muito em produtividade e agrega muito valor na venda”, conta. “Nas regiões mais quentes, as intactas (transgênicas) ganham mais força”, diz. Na região, entre 25% e 30% da soja é convencional. Contra 15% em outras regiões. “O prêmio é US$ 2 por saca, e a produtividade é tão alta quanto as cultivares transgênicas”, assegura. A soja convencional é muito utilizada na fabricação de alimentos e na fabricação de ração. Do plantio até o transporte, o grão não pode se misturar com transgênicos.

Veja abaixo o depoimento do produtor Luiz Alberto Mendes sobre o andamento da safra em Ponta Grossa.

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