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Uma das maiores feiras do agronegócio brasileiro, o Show Rural realizado em Cascavel (PR) foi encerrado nesta sexta-feira (14) com um recorde em comercializações: R$ 7 bilhões em negócios fechados durante os cinco dias. Mesmo assim, o governo federal não se interessou em enviar ministros para o evento que reuniu quase 500 mil visitantes e abre o calendário das grandes feiras agropecuárias do Brasil.
Segundo Dilvo Grolli, diretor-presidente da Coopavel, cooperativa que realiza o evento, no início da feira e observando o cenário econômico brasileiro, a organização optou por não anunciar uma projeção de negócios, diante do temor de que as comercializações não avançassem frente às elevadas taxas de juros e crédito limitado para acesso aos produtores e setor produtivo.
“Mas nesta manhã [sexta-feira], em uma reunião com os principais bancos e cooperativas de crédito, chegamos ao montante de R$ 7 bilhões em negócios fechados durante os cinco dias, isso sem contar os bilhões em negócios que começaram a ser prospectados no evento e que se concretizarão até 30 dias após o fim do Show Rural”, afirmou.
A expectativa de público, estimada em cerca de 400 mil visitantes, também foi superada e se aproximou dos 500 mil. A feira é realizada em uma das principais regiões produtoras de proteína animal do Brasil e uma das maiores potências agrícolas nacionais, recebendo visitantes de vários países. Somente no setor de tecnologia e inovação foram cerca de 200 expositores.
O evento recebeu mais de duas mil comitivas e caravanas, que passaram pelos 600 estandes da feira. “Mesmo assim, diante de toda a representatividade e a importância que o evento representa para o agro brasileiro e mundial, o governo federal não enviou ministros para a feira neste ano, o que é vergonhoso. Esse é o respeito que o governo tem com o setor produtivo e o agro brasileiro”, afirmou o deputado federal, presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) no Congresso Nacional, Pedro Lupion (PP-PR), durante visita ao parque tecnológico.
O valor comercializado neste ano foi quase 15% superior às negociações da edição de 2024, quando somaram R$ 6,1 bilhões. “O desempenho em 2025 realmente nos surpreendeu e agora é projetar a edição de 2026, que será de 9 a 13 de fevereiro”, avaliou Dilvo Grolli.
Outro a criticar a ausência de representantes do primeiro escalão do governo federal no evento, fato registrado pela primeira vez em muitos anos, foi o senador Sergio Moro (União-PR). Moro esteve no parque na quinta-feira (13).
“O governo federal realmente não respeita o agro e o setor produtivo brasileiro, sem contar a economia brasileira, que está à deriva. O que salva o Brasil neste semestre é a safra recorde que está sendo colhida, mas não graças ao governo, graças ao próprio produtor rural”, alertou.
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O senador disse que esteve no evento “por dever, mas o governo que deveria ter ido por obrigação, não foi”. Após veiculação de reportagem da Gazeta do Povo na última segunda-feira (10) alertando que o governo não tinha confirmado a presença de nenhum representante de sua alta comitiva ao evento, o Palácio do Planalto decidiu enviar à feira a presidente do Banco do Brasil na quinta-feira (13).
Tarciana Medeiros não discursou, nem falou com a imprensa. Sua assessoria informou que, apesar da visita, ela não poderia conceder entrevistas nem fazer pronunciamentos aos visitantes, porque o Banco do Brasil vai anunciar aos acionistas, na próxima semana, os resultados do quarto trimestre de 2024, e que esse seria um momento de “silêncio” para não interferir no mercado.
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O Banco do Brasil está no Show Rural há 37 edições, desde a primeira da história, é um dos principais operadores do Plano Safra, respondendo por 43% dos volumes negociados no ciclo atual 24/25, que chega ao fim em junho deste ano. Para o Show Rural a instituição colocou R$ 2 bilhões à disposição para negociações, mas não informou se todo o montante foi contratado.
O deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR) chegou a dizer na segunda-feira que talvez o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, visitasse o evento, o que não se confirmou. Dirceu disse que Fávaro estaria em Cascavel durante a semana, mas houve um “problema de agenda”.
No ano passado, Fávaro esteve no Show Rural ao lado do ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira. Um nome vinculado à coordenação-geral do Ministério da Agricultura, cuja presença estava prevista na agenda oficial de quinta-feira, também não compareceu ao parque tecnológico.








