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SIMPLES

Mudança na lei favorece produção de bebidas alcoólicas

Produtores precisam correr para aproveitar mudança na lei tributária do Simples Nacional. ‘Gargalo’ fecha dia 31 de janeiro

Adesão ao Simples  Nacional  para produtores de cachaça, de vinhos, de cerveja e de licores foi confirmada por meio Projeto de Lei Complementar 155 de 2016 | Brunno Covello/Gazeta do Povo
Adesão ao Simples Nacional para produtores de cachaça, de vinhos, de cerveja e de licores foi confirmada por meio Projeto de Lei Complementar 155 de 2016 (Foto: Brunno Covello/Gazeta do Povo)

Até 31 de janeiro, os produtores de bebidas alcoólicas têm uma oportunidade de pagarem menos impostos. Esse é o prazo final de adesão ao programa Simples Nacional, que a partir de 2018 autoriza micro e pequenos produtores de cachaça, de vinhos, de cerveja e de licores a aderirem regime tributário simplificado do Governo Federal.

Podem optar pelo Simples empresas com faturamento anual de até R$ 4,8 milhões. “Agora, será possível recolher os impostos em uma via única. Com a arrecadação feita de forma separada, era muita burocracia tributária para os produtores”, comemora Carlos Lima, diretor do Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac). Quem não fizer a requisição somente poderá fazer a adesão em 2019.

Professora de Direito Tributário da FGV/SP, Tathiane Piscitelli não considera a medida uma renúncia fiscal do governo: “É um benefício de duas pontas: para o produtor e para a administração tributária. O resultado pode trazer muita gente para a formalidade. Fica mais fácil recolher tributos e talvez haja menos sonegação de impostos”. A especialista reforça que não é preciso de um advogado para fazer a adesão: basta acessar o Portal do Simples Nacional e realizar o preenchimento.

Desde 2001, a categoria de bebidas alcoólicas não podia optar pelo regime simplificado. Agora, com o retorno, o Ibrac calcula que 70% dos mais de 11 mil produtores de cachaça do Brasil sejam elegíveis ao Simples. “Sabemos de vários casos de empresas que encerraram as atividades ou migraram para a informalidade”, aponta Lima.

A atual carga tributária que incide atualmente sobre o preço de venda da Cachaça é de 81,87%. Com a mudança, instituto espera que o incidente possa reduzir em mais de 40%, dependendo do estado.

Mais empregos

Com participação de 72% do mercado nacional de destilados, o setor da cachaça tem uma cadeia produtiva de cerca de 600 mil empregos diretos e indiretos. Com a inclusão no Simples, esses dados podem aumentar, na visão de Carlos Lima. Opinião compartilhada por Paulo Ricardo, diretor da Cachaça Alambique Brasil, de Ortigueira (PR). Ele espera aumentar ainda mais a produção neste ano, em parte devido ao incentivo tributário:

“Nossa empresa já tinha lucro presumido, então, aderimos ao Simples. Produzimos cerca de 60 mil litros em 2017, mas nossa capacidade é de 120 mil litros. Esperamos aumentar o faturamento em 150% em relação a 2017”.

Paulo Ricardo afirma que os impostos estaduais eram um empecilho para aumentar a competitividade com outros estados, como Minas Gerais e Bahia. “O advento do Simples veio a nos colocar quase em igualdade de condições. E como nossa produção vai aumentar, vamos gerar mais empregos tanto na plantação, quanto na colheita e também na área de vendas”, afirma. A empresa é composta atualmente por 12 pessoas, entre empregos diretos e indiretos.

Aumento de qualidade

Estar em dia com o cadastro no Ministério da Agricultura e com a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) é uma obrigação do empresário que busca o Simples. “A lei deixa isso bem claro. Fazer a adesão sem esses itens seria descumprimento do dever legal, então, não cumpriria as exigências necessárias”, esclarece Tathiane Piscitelli.

A professora diz que, quem não conseguir essas autorizações a tempo, deve pagar os impostos normalmente neste ano para, em 2019, finalizar a inclusão no regime simplificado. “O retorno da cachaça ao Simples aumenta a segurança do consumidor. Com a redução da informalidade, teremos produtos regulamentados, inspecionados e, claro, com os impostos em dia”, emenda Carlos Lima.

No Paraná, por exemplo, o último Censo Agropecuário, de 2006, identificou 167 produtores de aguardente de cana. “Acredito que o número de legalizados não chegava a 50”, afirma do diretor do Ibrac. Com isso, a Cachaça Alambique Brasil, premiada em duas categorias na última Expocachaça, em Minas Gerais, deve ver o aumento da concorrência, e aproveita o momento para ampliar a estratégia de vendas: a ideia é começar a exportar produtos.

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