Escalado para construir pontes entre o governo e o agronegócio, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, tem desempenhado até aqui muito mais o papel de "colchão" para atenuar os recorrentes atritos do presidente Lula e do PT com o setor.
O próprio Fávaro, por vezes, acaba adotando um discurso dúbio em que, num momento, critica as invasões de terra e pede punição aos crimes do MST, e, noutro, comemora o fato de o movimento ter viajado com Lula à China e ter sido convidado a integrar o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável da Presidência da República (CDESS), o Conselhão de Lula. Mais recentemente, declarou que "não existe Ministério da Agricultura sem a Companhia Nacional de Abastecimento", que Lula transferiu para o Ministério do Desenvolvimento Agrário.
É provável que Lula devolva a Conab ao Ministério da Agricultura, como quer Fávaro, num jogo ensaiado para ganhar simpatia da bancada da agropecuária. O teste de fogo, contudo, virá para Fávaro em importantes votações no Congresso em que a esquerda baterá de frente com quase todas as posições do ministro.
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