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Cautela nos lances

O comerciante Robson Crecêncio, 29 anos, de Curitiba, participa há quatro meses de leilões. Já arrematou um Chevrolet Celta Life 2008 por R$ 17 mil, incluídas as taxas de transferência, de leilão (5%) e de ICMS (0,9%), e uma moto Honda CG Fun, ano 2008, com 6 mil quilômetros, por R$ 3 mil de valor final (preço de mercado R$ 4,7 mil) – as motocicletas chegam a custar até 65% a menos nos leilões. Esta semana, ele pagou R$ 9 mil por VW Gol Mi completo, ano 1998, que vale cerca de R$ 14 mil no mercado. Para ele, a diferença no preço compensa o risco. "Ele estava inteiro. Gastarei no máximo R$ 160 com o reparo do vidro elétrico", afirma.

O segredo da boa compra, segundo ele, está em levantar os valores dos modelos que pretende dar lance e não entrar em leilão por um veículo que não foi examinado na véspera. "No caso de sinistro por enchente, dê preferência aos mais básicos, com pouco aparato eletrônico que possam danificar com a água", orienta.

O empresário Michel Jordão Pereira, 30 anos, da capital, estreou em leilões na semana passada. Queria levar um Ford Fiesta 1.0 hatch, ano 2008. Não teve como cobrir o lance de R$ 22,2 mil pago pelo carro, que custa R$ 32 mil no varejo. "É preciso ter controle nos lances. Deixar uma gordura de R$ 1,5 mil a R$ 2 mil além do lance para pagamento dos débitos e possíveis revisões", dá a dica.

  • Robson Crecêncio arrematou um Gol 1998 por R$ 9 mil. Preço de mercado é R$ 14 mil
  • Michel Jordão (à esquerda) levou para o leilão o latoeiro Aparecido de Moura
  • Ficha com o histórico do veículo é fixada no para-brisa do carro ou no banco da moto para a consulta dos interessados

Já pensou levar para casa um veículo seminovo ou usado pagando até 35% do seu preço médio de mercado? Parece difícil de acreditar, mas existe um comércio onde esse generoso desconto é praticado: o de leilões automotivos.

Em Curitiba, eles ocorrem quase que semanalmente e é possível encontrar desde carros com menos de 10 mil quilômetros rodados, retomados pelos bancos por inadimplência no financiamento; a automóveis apreendidos em blitz policial e que estão nos pátios do Detran. Também não faltam modelos sinistrados (em enchentes, por exemplo) e que as seguradoras têm interesse em revender. Talvez os históricos desses veículos desestimulem muitos consumidores. Mas, na busca pelo preço baixo, os leilões são capazes de arrastar uma multidão a cada pregão – em média de 800 a 1.000 pessoas.

Os leilões possuem alguns procedimentos e normas próprios, que causam espanto em muitos clientes. O comprador não pode, por exemplo, testar o produto antes - sequer dar a partida. A verificação é apenas visual e ocorre nos dias que antecedem o evento. "Os carros vão para leilão nas condições que são recuperados pelos bancos ou sinistrados pelas seguradoras. E também não se tem garantia (de motor e câmbio). Por isso, é fundamental ir acompanhado de um mecânico de confiança", recomenda Luiz Odair Favareto, leiloeiro da Banseg Leilões, de Curitiba

Uma exigência é o pagamento somente à vista. O cliente dá um cheque caução no ato do arremate e tem 48 horas para pagar. Há lotes que trazem débitos a serem quitados, como multa, IPVA e seguro obrigatório. "Todas as pendências do veículo, bem como o motivo que o levou a leilão, são informadas numa folha que é fixada no para-brisa para consulta do cliente durante a visitação", explica Favareto.

O interessado ainda tem a possibilidade da checagem através dos editais divulgados nos sites das empresas leiloeiras. "Nele deve constar se há multa em processamento ou IPVA atrasado, situação do documento do carro, se houve alteração na característica e se será necessário a remarcação do chassi devido à corrosão ou acidente. É o edital que assegura a responsabilidade das partes envolvidas na negociação", orienta Cícero Pereira da Silva, coordenador de veículos do Detran-PR.

No leilão do Detran-PR, todos os documentos estão regularizados, garante o presidente da Comissão de Leilão do órgão estadual, Valmir Antônio Moreschi. "São carros e motos apreendidos durante operação policial por alguma irregularidade e que não foram retirados do pátio do Detran pelos seus donos no prazo de 90 dias", explica.

O leiloeiro Claudio Kuss, da Paraná Leilões, afirma que cerca de 90% dos lotes são arrematados por valores que variam de 15% a 20% abaixo do preço médio de usados em Curitiba. Sobre as condições dos veículos, ele diz que assim como há ofertas que exigem uma revisão mais completa, há outras que deixam o pátio sem qualquer problema. "Se o cliente fizer uma avaliação detalhada antes não terá grandes surpresas", orienta o profissional.

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