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Cármen Lúcia, presidente do STF. Foto: Nelson Jr./SCO/STF
Cármen Lúcia, presidente do STF. Foto: Nelson Jr./SCO/STF | Foto:

É raro como ganhar na Mega Sena. Infrequente como a passagem do cometa Halley. Mas de tempos em tempos surge na vida nacional alguém com um pouco de sensatez e juízo.

A ministra Cármen Lúcia deu o recado aos dez colegas de STF antes mesmo da sessão: não topava que eles levassem um reajuste de 16% que elevaria o salário da turma para nada menos que R$ 39 mil.

Já seria muito dinheiro de qualquer jeito. Quando o governo está pensando em vender a merenda escolar de um dia para comprar a do outro, não faria o menor sentido bancar mais caviar beluga em Brasília.

A maioria da população percebe isso sem problemas, mas ter alguém na chefia de um dos Poderes da República que consiga fazer esse raciocínio básico é exceção.

Com suas declarações, Cármen Lúcia já tinha seis votos antes de pôr o assunto em pauta. Não é impossível que mais alguém, por medo de se queimar, tenha desistido do corporativismo só por saber que era causa perdida. Ficou 8 a 3 para a ministra.

Não é fácil enfrentar o corporativismo. E a ministra sofria a pressão das três principais associações de juízes, que foram a Brasília contar as misérias da categoria, que além dos meros R$ 33 mil sofre com o pagamento de míseros R$ 4,3 mil de auxílio-moradia.

O aumento era absurdo porque além de beneficiar os funcionários mais privilegiados do país ainda criaria espaço para muita gente pedir a mesma coisa. Só juízes seriam 17 mil beneficiados: muitos com o teto, alguns com aumentos proporcionais.

Os 513 deputados e 81 senadores certamente voariam para conseguir a isonomia. Sem falar no Executivo, com 5 mil prefeitos que teriam margem de manobra; nos Legislativos estaduais; nos milhares de vereadores país afora; nos secretários de estado; nos funcionários de todo tipo.

Mas o mais bonito foi que Cármen Lúcia acabou enquadrando a nova procuradora-geral de Justiça, Raquel Dodge, que teve de recuar de um aumento para os seus já antes de assumir a cadeira. Uma senhora que põe o pé no cargo já sobre todo tipo de suspeita e que levou uma bela invertida pela falta de ética.

Porque é de ética que estamos falando. Não se pode deixar o país inteiro sem serviços básicos como educação e saúde e usar sabe-se lá mais quantos bilhões por ano só para o pessoal ir comprar terno em Miami.

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