• Carregando...
Como escolher um bom candidato? Seis dicas para não se arrepender depois
| Foto:

Há um vídeo na Internet em que um aluno brasileiro em Harvard pergunta a Ciro Gomes (PDT) como se faz para saber que um candidato a presidente é melhor do que o outro. Depois de uma longa resposta, Ciro passa para um de seus momentos de sinceridade clássicos. “Te vira”, diz ao garoto. “Democracia é pesada, não tem ninguém que estala o chicote e põe as coisas em ordem por nós”, afirma.

Ciro tem certa razão quando diz que democracia “é pesado”, e que o eleitor, ao fim e ao cabo, está sozinho neste jogo. É preciso se virar para saber quem ali está tentando te enrolar (potencialmente, todos), quem tem um passado consistente, quem é um mero embusteiro e quem tem propostas que de fato fazem sentido para fazer as coisas melhorarem.

No fundo, democracia é como ir a um mercado em que os produtos, ao invés de se venderem silenciosamente, gritam suas propagandas o tempo todo no ouvido do consumidor. E, além de algumas informações serem mentiras puras, você tem que saber que tipo de “produto” você está procurando. Embora não exista receita mágica, é possível pensar em alguns conselhos para decidir em quem votar.

1- Descubra o que é mais importante para você

A palavra “ideologia” está em baixa. Mas cada candidato defende um conjunto de valores. Você precisa encontrar alguém que pense mais ou menos como você.

Vamos supor que, para você, o mais importante de tudo é que o presidente (ou governador, prefeito etc) seja alguém que respeite a democracia e os direitos humanos. Que você considere que a política existe, antes de tudo, para incluir as pessoas marginalizadas. Que você ache que o mundo é melhor quando há menos preconceito. Isso elimina alguns candidatos (na atual corrida presidencial, elimina no mínimo dois) – e, mais importante, pode indicar alguém em particular.

Agora suponha que o primordial, do teu ponto de vista, seja alguém com pulso firme na economia, que acabe com desperdícios e que diminua o custo do Estado. Que você ache que andam gastando demais com o social ou que, embora fosse até bom poder fazer mais pelas pessoas com dinheiro público, o exagero anda ferrando com nossas contas públicas. O melhor seria baixar impostos e deixar que as pessoas se virem sozinhas. Isso vai te levar a um conjunto de dois ou três candidatos presidenciais.

2- Veja se o candidato não ofende nenhum ponto de vista importante para você

Por mais que todo mundo tenha um conjunto de valores que considere mais importante, talvez você não consiga votar em alguém por causa de um único ponto de diferença.

Exemplo: imagine que você seja contra a legalização do aborto, que isso seja fundamental em função da tua religião ou de tua visão ética. Mesmo que você concorde economicamente com certos candidatos, é possível que esse fator te leve a não poder votar neles.

Ou, para usar um exemplo reverso. Você acha que a economia deve ser de mercado. Mas o candidato mais à direita, que defende isso, defende valores conservadores que vão contra a visão de mundo que você defende. Imagine que esse candidato é preconceituoso com mulheres e gays, por exemplo. É bom saber disso antes de votar.

3- A economia é fundamental

Mesmo que você não considere a economia o ponto central da eleição, ela é um fator decisivo em qualquer plataforma política. Hoje, basicamente há uma oposição nas principais democracias do mundo entre candidaturas mais liberais e partidos da social-democracia.

O importante aqui é saber o seguinte: até onde você acha que o capitalismo dá conta sozinho de criar um mundo justo? O capitalismo, como se sabe, é o regime em que cada um fica com o que consegue (descontados os impostos). Mas há quem não consiga nada. Como lidar com isso?

Os candidatos mais à esquerda dirão que é preciso um Estado mais forte para intervir e criar um mundo mais justo, com igualdade de oportunidades. Escolas públicas até a universidade; saúde gratuita; cotas; políticas de redistribuição de renda; impostos maiores, principalmente para quem pode pagar mais.

Os candidatos mais à direita dizem que toda intervenção excessiva na economia é ruim, causa dependência e afeta o bom desempenho do mercado. Há pobres? Sim, mas faz parte da vida entender que não podemos resolver tudo a canetadas. E o melhor é cobrar menos impostos para que as empresas possam criar empregos. O resto, dirão, é uma fantasia perigosa.

De qual lado você está?

DESEJOS PARA O BRASIL: Democracia aprofundada

4- Dize com quem andas

O candidato nunca está só. Veja qual é o partido dele ou dela. E com quem está se coligando. Às vezes, a “pureza” de uma pauta se perde já nas alianças pré-eleitorais.

No Brasil, isso tem sido recorrente. Fernando Henrique acabou com o viés social-democrata de seu partido ao se aliar ao PFL. Lula jogou parte da história do PT no lixo ao fazer uma coalizão mantida, hoje sabemos, a preço de ouro.

Alianças são necessárias. Mas algumas são monstrengos que desfiguram o candidato – como regra geral, desconfie de coligações que precisam acelerar a voz do locutor para que caibam as infinitas siglas no anúncio de rádio ou tevê. Onde tem muita aliança, a chance de chuncho é maior.

5- Veja o passado

Uma coisa é o que os candidatos dizem. Outra é o que sabem fazer. Outra ainda é o que de fato fazem. O sujeito pode ser bom de bico mas não ter competência; ou até saber como fazer, mas preferir deixar a consciência e a plataforma de lado em nome de um projeto de poder.

Veja se o seu candidato ou candidata teve bons resultados, se não tem condenações judiciais, se não rouba, se não falou absurdos. De que forma se posicionou nos momentos de crise do país: no impeachment de Dilma, nas denúncias contra Temer, na Lava Jato, na reforma da Previdência.

E, principalmente, veja se o sujeito não bate na mulher, não ficou rico de maneira suspeita ou se não usou o poder para fazer todo tipo de bandalheira.

6- Se informe o quanto puder

Fale com pessoas que você confia. Se informe em veículos sérios. Desconfie de mensagens de grupos de WhatsApp e de posts anônimos no Facebook. Leia o quanto puder, assista os debates, quanto mais informação você tiver, melhor. Pense que é o futuro do país onde vivemos que está em jogo.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]