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Ricardo Barros e Cida Borghetti. Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo.
Ricardo Barros e Cida Borghetti. Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo.| Foto:

O motivo da nova guerra política entre Cida Borghetti e Ratinho Jr. é uma antiga prática do governo do estado de lotear as prefeituras do interior entre os deputados da base governista. Nesta semana, com a disputa entre os dois lados, os detalhes sobre o sistema vieram à tona.

Na prática, desde o governo Beto Richa, a Casa Civil pede que cada prefeito indique um deputado que servirá de “representante” do município. A indicação é de livre escolha do prefeito. O governo permite que sejam indicados até dois parlamentares por município.

Em tese, isso serve para que o prefeito tenha uma ponte com o governo, um canal de comunicação. Os deputados dizem que fazem, por exemplo, o acompanhamento de todos os convênios que cada prefeito assinou para a realização de obras. O Palácio, ao invés de atender 399 prefeitos, atende os trinta e tantos deputados da base, que disseminam a informação.

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“É um serviço de despachante de luxo”, admite um deputado da base de Ratinho. “O governo do Beto foi muito municipalista. Toda cidade tem duas, três obras. E a gente acompanha isso por aqui para o prefeito”, diz o deputado, que afirma fazer esse serviço para cerca de vinte municípios.

Reeleição

É evidente, porém, que não se trata só disso. O sistema permite que os deputados mantenham os prefeitos na rédea curta. As cidades passam a depender dos seus representantes, que usam isso para ganhar votos no interior. É como se cada deputado virasse um vice-rei daquela região, a quem é preciso respeitar.

Por outro lado, quem mais sai ganhando é o próprio governo, que usa a divisão para ter benesses a distribuir entre sua base. Os deputados que aceitam votar nos projetos de interesse do Palácio podem participar da divisão do butim – os outros são excluídos e têm maior dificuldade para se reeleger.

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Os deputados também fazem a ponte para conseguir obras: quando um prefeito precisa de asfalto, manilhas, ou sabe-se lá o que, é o deputado que ele procura; e depois fica à espera do retorno. Quando a obra for inaugurada, a Casa Civil procurará em sua lista quem são os deputados que devem ser chamados para a inauguração.

Curiosamente, essas indicações não precisam respeitar a votação no município nem a origem do deputado. O novo prefeito de Foz do Iguaçu, por exemplo, Chico Brasileiro, indicou um deputado de União da Vitória por ser do mesmo partido dele.

Disputa

O caso veio à tona nesta quarta quando Marcio Nunes, ligado a Ratinho, subiu à tribuna. “Um prefeito ‘meu’ recebeu uma ligação da Casa Civil”, disse ele. O governo estaria informando que Marcio Nunes, por ser ligado a Ratinho, não é mais da base. A insinuação é de que era necessário trocar de representante.

Pedro Lupion, líder de Cida na Assembleia, negou com veemência. “Ninguém jamais faria isso. Não estamos pedindo para nenhum prefeito trocar de deputado”, afirmou. Segundo ele, a Casa Civil não está fazendo isso, nem irá fazer, apesar da proximidade das eleições.

Os deputados ligados a Ratinho, porém, que hoje são um terço da Assembleia, parecem assustados com a possibilidade da mudança, pois ficariam fora da divisão do bolo justo no momento da reeleição. Depois de subirem no camburão lá atrás para consertar os estragos financeiros feitos pela gestão Richa, ficariam excluídos justo agora, que isso trouxe dinheiro para obras.

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