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Moradores de rua. Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo.
Moradores de rua. Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo.| Foto:

Rafael Greca deu a entender no seu vídeo de ano novo que vai pegar ainda mais pesado com os moradores de rua da cidade em 2018. A ideia parece ser insistir de maneira mais veemente para que as pessoas saiam da rua – e botar na conta da droga e do tráfico a permanência de quem não quiser sair da atual situação.

O prefeito disse que em 2018 a FAS vai intensificar o atendimento “no sentido da reinserção familiar e do acolhimento” da população de rua. Parece uma coisa boa, e é. Se ficar apenas na ajuda a quem precisa. Mas o discurso de Greca, em seguida, muda de tom.

“Porque descobrimos que os colchões box de qu2em quer viver na rua às vezes servem de barracas para o tráfico”, diz, espetando a gestão anterior, que distribuía os colchões (óbvio que nenhum deles do tipo box – essa parte fica por conta da pura imaginação de Greca).

“Quem é do bem vai vir com a gente. Quem é do mal, vai se ver com a Defesa Social”, disse o prefeito, desmontando o tom humanista do começo da conversa.

Pelo que fica claro na segunda parte do discurso, quem não aceitar sair da rua simplesmente é “do mal”. Como se não houvesse várias outras possibilidades, além do tráfico, para manter alguém nas ruas. Quem trabalha minimamente com isso ou tem disposição para ouvir sabe dos problemas variados: desajuste social,  brigas com a família, problemas psiquiátricos, entre outros.

Mendigos “do mal”

Mais estranha ainda é a parte em que Greca diz que os do mal “vão se ver com a Defesa Social”. Deixa claro que quem vai lidar com os moradores de rua que não aceitarem o acolhimento oferecido pela prefeitura são caso de polícia, como na velha frase que deixou famosa a política da Velha República para problemas sociais.

Desde que disse que vomitou com o cheiro de um pobre durante a campanha, Greca tem uma birra mal contida com o tema dos mendigos e com a população de rua em geral. Quer tornar o Centro mais “higienizado” e para isso tirar a população de rua à toda força de onde está. Jogou o problema para a periferia ao fechar um abrigo grande no centro e abrir outro no Sítio Cercado. Fechou guarda-volumes na Osório e agora fala em Defesa Social.

A prefeitura já foi alertada por Defensoria Pública e procuradores de que não pode fazer higienismo social. Greca, ao que tudo indica, não está nem aí. Prefere a sua Curitiba imaginária, livre dos problemas reais das grandes cidades. Ainda que, para isso, precise criminalizar quem está excluído.

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