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Foto: Haddad: Lula Marques/PT/ Bolsonaro: Miguel Schincariol/AFP.
Foto: Haddad: Lula Marques/PT/ Bolsonaro: Miguel Schincariol/AFP.| Foto:

O Ibope desta terça-feira mostra que o Brasil está dividido não apenas no quadro geral dos eleitores. Vários recortes mostram Jair Bolsonaro (PSL) sendo eleito por uma parte da população e Fernando Haddad (PT) como favorito em outra camada.

No geral, embora a diferença tenha encolhido um pouco, Bolsonaro segue mais ou menos tranquilo para a eleição, apesar de ter visto sua rejeição empatar com a do adversário (se houvesse mais tempo antes da votação, tudo indica que os dois chegariam muito próximos um do outro).

Nos recortes, percebe-se por exemplo que Bolsonaro está sendo eleito pelos homens. Entre eles, tem 56% contra 33% de Haddad. Mas entre as mulheres o capitão tem uma diferença minúscula sobre o oponente. São 44% contra 40%, num empate técnico.

Haddad também segue sendo o candidato favorito no Nordeste, entre os eleitores mais pobres e entre os menos escolarizados – o que obviamente revela o peso que Lula continua tendo nas regiões mais abandonadas do país.

No entanto, talvez o recorte mais significativo para explicar o sucesso de Bolsonaro esteja na religião. Entre os católicos, Bolsonaro até leva, mas por pouco: 47% a 41%, bem perto da margem de erro. Nos evangélicos, porém, a diferença é absurda: 59% a 27%.

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Seria preciso fazer um estudo para explicar isso. Mas não é difícil arriscar algumas hipóteses. A primeira tem a ver com o fato de que os evangélicos são majoritariamente praticantes e preocupados de fato com questões morais – são mais conservadores em média do que os católicos, que em grande parte nem à igreja vão.

A pauta moralista de Bolsonaro poderia ter influência aqui. Escola sem Partido, doutrinação nas escolas, a tal ideologia de gênero – tudo isso está no alvo do candidato e também do eleitor.

Por outro lado, algumas denominações mais populares parecem ter entrado de cabeça na campanha do capitão, especialmente entre as neopentecostais. Edir Macedo é o maior exemplo aqui. Silas Malafaia, outro. E sabe-se do potencial de convencimento que esse pessoal tem em seus fiéis.

O medo do petismo, aqui, parece ter muito mais a ver com pautas comportamentais (aborto, direitos dos gays, feminismo) do que com Lava Jato ou coisas do gênero. O conservadorismo dos evangélicos prefere o capitão linha dura, que defende a ditadura, ao petismo que o contraria nas questões sexuais.

Metodologia

O Ibope ouviu 3.010 eleitores entre 21 e 23 de outubro. A pesquisa foi encomendada pela Rede Globo e pelo Estado de S.Paulo. A margem de erro é de 2 pontos e o índice de confiança, de 95%. Registro no TSE: BR07272/2018.

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