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Lula. Foto: Evaristo Sá/AFP.
Lula. Foto: Evaristo Sá/AFP.| Foto:

O mundo é cheio de reviravoltas, e pode bem ser que em 24 horas tudo pareça diferente. Mas, vendo daqui, desta quarta-feira, parece que Lula vai mesmo para a cadeia. As chances de evitar a prisão são cada vez menores.

O STF praticamente botou o ex-presidente na mão do carcereiro. Como bem fizeram questão de ressaltar dois ministros vencidos no voto, um resultado que se deveu à “estratégia” de Cármen Lúcia.

A presidente do Supremo tinha duas opções. Podia botar em votação ações que não tratavam só do caso de Lula. Ou podia votar o caso do petista isoladamente. Sabia qual seria o resultado nos dois casos – seja lá qual for seu motivo, preferiu aquele que leva Lula à prisão.

O voto decisivo foi o de Rosa Weber. E ela admitiu: se estivessem votando a tese da prisão em segunda instância (e não sua aplicação no caso de Lula) mudaria de lado. Seriam 6 a 4 a favor do direito de Lula esperar os recursos em Brasília.

Águas passadas

Agora podemos discutir de tudo. Se prender em segunda instância é mesmo o melhor. Se isso evita a impunidade. Se o STF está indo contra a Constituição ao decidir como decidiu. Se Sergio Moro estava certo ao condenar Lula. Se o TRF esteve certo ao aumentar-lhe a pena e evitar a prescrição.

Discuta-se o que se discutir, se Lula não fugir nem morrer, se não criar asas ou conseguir uma imunidade concedida sabe-se lá por qual arcanjo, irá preso. O Complexo Médico Penal será seu destino.

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E de lá possivelmente não saia vivo. Porque os 12 anos de sentença (e um mês, que era para evitar a prescrição) garantem dois anos na cela. Mas Lula tem uma pilha de outros processos, e a essa altura já está evidente que as penas vão começar igualmente a se empilhar.

Os dois anos podem virar dez, podem virar vinte.

E o que vem por aí?

A grande questão agora é: como o país reagirá a isso? O cientista político Fernando Limongi bem lembrou em seu mais recente artigo no Valor que o PT tem sido bastante obediente às instituições, mesmo quando sofre revezes sérios.

Dirceu foi condenado e preso – duas vezes. Genoino foi para a cadeia. Vaccari, Vaccarezza, André Vargas, todos presos. Dilma perdeu o mandato num julgamento que o PT considerou ilegítimo. E, no entanto, Dilma desceu a rampa, Dirceu entrou na cela, e a ameaça de usar o exército do MST ficou nisso: numa ameaça.

Mas Lula é outra coisa. Lula é o próprio PT – e é mais do que isso. Goste-se ou não dele, foi um raro político brasileiro a receber mais de 100 milhões de votos: mais de 200 milhões somadas todas as eleições e todos os turnos.

É o grande nome da esquerda no país e uma das figuras mais importantes da vida política nacional nos últimos cem anos. E é a esperança de toda uma parcela da vida nacional de que o poder volte às mãos de quem foi arrancado em 2016.

Resta torcer que as coisas se passem da melhor maneira possível. Com protestos, sim, que isso é da democracia. Mas sem generais rosnando de um lado, e sem o MST falar em tocar fogo no país. Porque pior do que está, fica. Ah, isso fica.

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