• Carregando...
Foto: Divulgação/PMPR
Foto: Divulgação/PMPR| Foto:

Colaboração de Felippe Anibal:

Nem bem começaram a rodar, as “viaturas humanizadas” recém-entregues pelo governo do Paraná já vêm sendo alvo de críticas por aqueles que mais as utilizam: os policiais. Os “praças” – como são chamados os agentes da base da hierarquia da corporação e, portanto, os que mais vão para a rua – reclamam principalmente da funcionalidade do modelo e apontam entraves que poderiam ser fatais em casos de emergência, como em acompanhamentos táticos e trocas de tiros.

A principal diferença em relação a modelos convencionais é que as “viaturas humanizadas” foram adaptadas para transportar o preso no banco de trás – não no bagageiro. Para isso, o espaço traseiro do veículo é isolado por uma parede de aço e por telas nas laterais. Essa estrutura limita o espaço dos policiais, de modo que se torna impossível regular ou recuar o banco dianteiro. Esse “aperto” acaba reduzindo a mobilidade dos policiais e é aí que mora o problema.

Uma foto que começou a circular na internet e em grupos de WhatsApp de policiais exemplifica bem o questionamento dos praças. A imagem mostra um policial espremido na “viatura humanizada”, sentado ao banco da frente. Três policiais – todos de cidades do interior do Paraná – que dirigem este tipo de modelo entraram em contato com a Gazeta do Povo e manifestaram receio com o aspecto técnico dos veículos, principalmente em situações limite.

“Se tiver uma situação que evolua para troca de tiros, até eu conseguir sair da viatura eu vou ter perdido um tempo que pode custar a minha vida”, disse um soldado. “É inviável. Numa emergência, o policial tem dificuldade para entrar ou sair do carro. Pode levar um tiro sem nem saber de onde veio”, apontou outro profissional de segurança.

Patrulha escolar

As “viaturas humanizadas” são da marca Toyota, modelo Etios. Segundo a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), serão entregues um total de 90 carros deste modelo à PM. Além do aspecto funcional, a bronca dos policiais é que eles teriam recebido a informação de que as viaturas só seriam usadas na Patrulha Escolar, mas nas cidades de interior os carros acabam sendo usados para tudo que é tipo de operação.

“Mesmo se fosse só para a Patrulha Escolar… A legislação me proíbe de transportar adolescente na cela da viatura. Se eu for conduzir um menor, o que eu faço? Levo ele no colo”, questionou um policial.

Origem da verba

Outro ponto diz respeito aos recursos para compra das “viaturas humanizadas”. Segundo o governo, os veículos foram comprados com recursos próprios (à exceção de nove viaturas para a Polícia Científica). Mas, em uma postagem no Facebook, o secretário Wagner Mesquita disse que as “viaturas humanizadas” foram compradas por convênios com o governo federal e “tal EXIGE este tipo de cela”.

“Sabe-se lá porquê, mas o governo comprou um carro de passeio, transformou em viatura e ainda tenta enganar toda a classe [policial]. O que será que tá por trás disso?”, disse um praça. “A gente só quer uma viatura que seja funcional e adequada ao nosso serviço de rua, porque quem vai dar a cara nas ocorrências é a gente”, apontou outro policial.

Siga o blog no Twitter.

Curta a página do Caixa Zero no Facebook.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]