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Foto: Divulgação/TED Conference
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O empresário Ricardo Semler, presidente do conselho e sócio majoritário da Semco Partners e ex-vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), decidiu enviar uma mensagem aos colegas empresários brasileiros. Em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo desta terça-feira (02/10), com o título “Alô, companheiros de elite”, Semler diz que em 1989 alertou o empresariado “contra a eleição do Collor, queridinho passional das elites” e que agora se estremece “ao ouvir amigos, sócios e metade da família aceitando a tese de que qualquer coisa é melhor do que o PT”.

“Recentemente, realcei que a ida das elites à Paulista para derrubar a Dilma equivalia a ‘eleger’ o Temer e seus 40 amigos. Ninguém da elite quis ir às ruas para pedir antecipação de eleições. Erraram feio, como no passado, ou como quando deram as chaves da cidade ao Doria. Quanta ingenuidade”, escreveu o empresário.

No artigo, Semler afirma que as elites do Brasil “sempre foram atrasadas”. “Vivemos, nós da elite, atrás de muros, cercados de arames farpados e vidros blindados, contratando os bonzinhos das comunidades para nos proteger contra favelados. Oras, trocar vigias com pistolas por seguranças com fuzis é um avanço? Ou é melhor aceitar que o país é profundamente injusto e um lugar vergonhoso para mostrarmos para amigos estrangeiros?”, desabafa.

Em seguida, o empresário ataca a candidatura de Bolsonaro. “Quem terá coragem, num almoço da City de Londres, de defender a eleição de um capitão simplório, um vice general, um economista fraco e sedento de poder, e novos diretores de colégio militares, com perseguição de gays, submissão de mulheres e distribuição de fuzis à la Duterte?”, questiona.

Semler ressalta que nunca foi do PT e nem pretende se filiar ao partido. “Não compartilho com os pressupostos ideológicos do PT e —até pouco— fui filiado a um partido só, o PSDB. Nunca pensei em me filiar ao PT, nunca aceitaria envolvimento num Conselhão de Empresários, por exemplo.”

O empresário conclui o artigo com um alerta: “Colegas de elite, acordem. Não se vota com bílis. O PT errou sem parar nos 12 anos, mas talvez queira e possa mostrar, num segundo ciclo, que ainda é melhor do que o Centrão megacorrupto ou uma ditadura autoritária. Foi assim que a Europa inteira se tornou civilizada. Precisamos de tempo, como nação, para espantar a ignorância e aprendermos a ser estáveis. Não vamos deixar o pavor instruir nossas escolhas. O Brasil é maior do que isto, e as elites podem ficar, também. Confiem.”

Livros de Ricardo Semler fizeram sucesso internacional e influenciaram empresários de todo o mundo.

Quem é Ricardo Semler

Ricardo Frank Semler herdou do pai a Semco, empresa brasileira originalmente fabricante de centrífugas para a indústria de óleos vegetais, fundada em 1953. A empresa estava praticamente falida quando ele assumiu. Após a morte do pai, em 1985, Ricardo deu início a uma grande transformação das práticas de gestão da empresa, e a Semco se tornou conhecida por implantar conceitos de democracia industrial e reengenharia corporativa. Rapidamente a empresa saiu das dificuldades e, com políticas de gestão empresarial inovadoras, saiu de um faturamento de quatro milhões de dólares, em 1982, para 212 milhões de dólares em 2003. A práticas de Semler foram difundidas entre empresas de todo o mundo.

O grupo cresceu e reúne, hoje, mais de uma dezena de empresas em diferentes áreas, desde uma fábrica de equipamentos industriais até uma desenvolvedora de sistemas de recursos humanos. O Semco Style Institute, a consultoria de treinamento em modelos de gestão, por exemplo, tem receita de mais de 100 milhões de euros por ano.

A revista norte-americana Time apontou Ricardo Semler entre os “100 Jovens Líderes Globais”, em uma série de reportagens sobre perfis de executivos publicada em 1994. O Fórum Econômico Mundial também o apontou em trabalhos semelhantes. O empresário também foi citado em publicações do “Wall Street Journal”, “America Economia” e revista “Wall Street Journal Latin America” como “Empresário do Ano na América Latina”, em 1990 e “Empresário do Ano no Brasil”, em 1992.[2]

Semler escreveu quatro livros que ajudaram a transformar o mundo empresarial, destacando-se o primeiro, Virando a Própria Mesa (1988) e Seven-days Weekend (2003). Os livros foram traduzidos em 40 idiomas e já venderam cerca de três milhões de cópias globalmente.

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