• Carregando...
Foto: Brunno Covello
Foto: Brunno Covello| Foto:
Foto: Brunno Covello

Foto: Brunno Covello

Não se fala de outra coisa na cidade.

– Não aguento mais de tanto calor!
– Tá um inferno!

Difícil é encontrar o paraíso. Ainda mais em meio a essa selva de concreto e asfalto.

– Se pelo menos tivesse a brisa do mar…

Tem gente com mil motivos para odiar esse calorão. Insetos entrando pelas janelas, larvas se proliferando nos quintais, baratas correndo pelos cantos das casas.

Suor. Nada mais irritante do que ficar com aquela sensação de estar melado, gosmento, salgado. Nos lugares de aglomeração, então, nem me fale!

Os ônibus viraram uma panela de pressão cozinhando gente. Nos carros sem ar condicionado, não adianta abrir os vidros. A lufada de ar quente derrete tudo, até uma parte da alma.

Nas ruas, cada um tem a sua técnica para fugir do sol abrasador. Há aquela que vai se protegendo pelas marquises. Há também a senhora de sombrinha acompanhando a escassa sombra. E o senhor de chapéu é bicho em extinção, mas ainda persiste. Nunca se viu tanto boné. Por esses dias até os leques reapareceram nas mãos das madames. Quem não tem leque se vira como pode: abana com uma folha de papel, um lenço, qualquer coisa que faça o ar circular. E há aquele que anda um pouco e logo entra numa loja com ar condicionado, dá uma olhadela nas vitrines, disfarça, toma fôlego, se refresca, e segue em frente.

Dormir, então… Rola pra lá, rola pra cá. Não tem ventilador que vença; o ar é um vapor.

Pensando bem, a insatisfação supera os limites. Quando chegam junho e julho, e o frio congela os esqueletos, o tom das reclamações é o mesmo.

– Vou-me embora dessa cidade, não aguento mais de tanto frio.

Só se for para a Pasárgada.Tomar banhos de mar. E quando estiver cansado, deitar na beira do rio.

Deveria haver mil e dois motivos para amar o calor. Podemos sair com roupas leves. Os parques são nossa praia. Sorvete, saladinhas e frutas tropicais, sucos de todas as cores com muito gelo.

É bem verdade que antigamente tínhamos córregos para tomar banho de graça. Hoje estão todos poluídos.

Adeus mês da gripe e da tosse.

E a noite chega refrescante com os sonhos de primavera e verão. Festas ao ar livre, passeios ao vento. Namoro na varanda.

Piscina. Esqueça a celulite, os quilinhos a mais. Nossos corpos livres. Brancas nuvens pintadas no céu azul. Sombra e água fresca.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]